11 de abril de 2016
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Comparação de desempenho físico entre homens e mulheres

Por Marcos Fortes*

Atualmente, está bem definido o conceito de que a capacidade de desempenho físico e os efeitos da atividade física sobre o organismo dependem do sexo do praticante. As diferenças relativas ao sexo no desempenho físico são explicadas, principalmente, pelas diferenças nas características fisiológicas e morfofuncionais de homens e mulheres.

Segundo o posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME) a respeito desse assunto, existem diferenças marcantes entre os sexos quanto à fisiologia do exercício. Os homens possuem maior massa muscular em termos absolutos e relativos (quando dividida pelo peso corporal total), enquanto as mulheres apresentam maior percentual de gordura corporal, o que resulta, por exemplo, em menor eficiência termorregulatória nos exercícios em ambientes quentes. Apesar da semelhança na composição das fibras musculares de homens e mulheres, o volume de cada fibra é maior nos homens. As fibras vermelhas são utilizadas em atividades de baixa ou moderada intensidade, longa duração e onde a contração muscular é pequena e o metabolismo predominante é o aeróbio. As fibras brancas, por sua vez, contraem-se com maior rapidez e são usadas em atividades de curta duração e alta intensidade, onde a contração muscular é grande. São atividades que exigem velocidade e força e nas quais predomina o metabolismo anaeróbio. O resultado é a maior potência e resistência muscular do sexo.

Os sistemas de transporte e de absorção de oxigênio (pulmão, coração, vasos sanguíneos etc.), assim como os órgãos e organelas envolvidos na transformação de energia (mitocôndrias), são, geralmente, menores em tamanho e em quantidade no sexo feminino. A diferença entre os sexos de valores absolutos no consumo máximo de oxigênio, valência que indica a potência aeróbia (ligada ao desempenho em testes de corrida), é de aproximadamente 30%. Essa diferença cai para cerca de 20% quando as massas corporais são levadas em consideração. Quando a massa livre de gordura é levada em consideração, a diferença no consumo máximo de oxigênio cai para cerca de 2 a 5%, ou seja, de modo geral, a diferença de desempenho aeróbio entre os gêneros é de 10 a 20%, dependendo do tipo de atividade realizada.

É igualmente importante que seja levada em consideração, quando se trata de esforço físico e saúde, a ocorrência de lesões como as fraturas por estresse. Uma revisão de diversos estudos na área demonstrou que a população feminina apresenta maior incidência desse tipo de fratura que a população masculina, tanto em pessoas comuns quanto em atletas: 3 e 9,2%, respectivamente.

Em se tratando de força muscular, o primeiro aspecto a ser considerado trata das variações observadas nas medidas dos segmentos corporais de homens e mulheres. Essas diferenças antropométricas interferem diretamente na valência física força muscular.

A relação entre peso total e peso muscular no sexo masculino gira em torno 40-45%, em média, podendo a massa muscular chegar a 50% do peso corporal. Na mulher, essa relação apresenta-se com valores aproximados de 25-35% do peso corporal total. Essas relações influenciam diretamente na produção de força absoluta e, consequentemente, na força relativa.

Em geral, a força muscular absoluta da mulher média é de 63,5% da força do homem. A força muscular da parte superior do corpo das mulheres é de quase 55,8% da força dos homens, e a força muscular da parte inferior do corpo das mulheres gira em torno de 71,9% da força dos homens, caracterizando, qual seja o parâmetro de força avaliado, uma desvantagem para as mulheres em relação aos homens.

Outro aspecto que está indiretamente ligado à força muscular é a flexibilidade. Ela relaciona-se com a capacidade elástica dos músculos e tecidos conectivos, somados aos fatores ósseos e de movimento das articulações, que implicam a dinâmica do movimento humano. Essa valência diferencia-se em função do gênero: o sexo feminino possui maior amplitude de movimento articular do que o masculino, aliada a uma maior flexibilidade global.

CONCLUSÃO

Nesta revisão, foram levantadas as estimativas mais precisas de diferenças sexuais na capacidade física dentro de contextos das atividades físicas. Ficou evidente que o sexo masculino é superior ao feminino em quase todas as valências físicas levantadas, com exceção da flexibilidade.

*Marcos Fortes, PhD
Doutor em Clínica Médica-UFRJ
Pós Doutor em Psicologia-UFJF
Pesquisador do IPCFEx – Exército Brasileiro
CV: http://lattes.cnpq.br/8294327645678412
Instituto de Pesquisa da Capacitação Física do Exército
Brazilian Army Research Institute of Physical Fitness

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Imagems: Banco de Imagens Bigstock

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