18 de agosto de 2016
  • compartilhar:

Padrões Alimentares Saudáveis

A fronteira do conhecimento em Nutrição tem mostrado que as recomendações nutricionais não devem basear-se apenas em percentual de macronutrientes, mas principalmente, em padrões alimentares saudáveis, nos quais a “matriz alimentar” assume um papel fundamental. Entre os padrões alimentares, destacam-se a dieta do Mediterrâneo e a dieta DASH (Dietary Approach to Stop Hypertension), os quais mostraram-se eficientes tanto na prevenção como no tratamento da obesidade, Diabetes Mellitus tipo 2 e doenças cardiovasculares. A dieta do Mediterrâneo é o padrão alimentar de diversas populações de Países da Europa e é caracterizada pelo consumo de alimentos como frutas, grãos, hortaliças, carnes magras, produtos lácteos e azeite de oliva. Já o padrão DASH foi utilizado em importante estudo clínico sobre o controle da pressão arterial e mostrou que o consumo de frutas potencializou o efeito da redução de sal sobre o tratamento da hipertensão arterial sistêmica. Este efeito foi ainda mais pronunciado com a redução do percentual de gorduras e com a inclusão de produtos lácteos desnatados. Estes dois padrões alimentares foram avaliados em diversos estudos clínicos e epidemiológicos contribuem para a prevenção e tratamento da Obesidade, Diabetes tipo 2 e Doenças Cardiovasculares.

Outro estudo de muita relevância na área da Nutrição é o Interheart (caso-controle), no qual se avaliou o consumo alimentar da população de 52 países. Os pesquisadores identificaram três padrões alimentares seguidos ao longo do mundo. O primeiro, caracterizado por quantidade normal de gordura e pequena quantidade de frutas, foi definido como Asiático o qual não foi associado a aumento de risco, mas não conferiu proteção cardiovascular. O segundo, denominado Ocidental, apresenta alto teor de gordura na dieta e baixa quantidade de frutas e hortaliças e associou-se a maior risco. Já o terceiro padrão, definido como Prudente, assemelha-se ao Asiático com relação ao teor de gorduras, mas apresenta maior quantidade de frutas e hortaliças. Este último relacionou-se com menor risco para infarto agudo do miocárdio e conferiu proteção cardiovascular.

Em comum, estes padrões alimentares saudáveis são caracterizados por dieta rica em frutas, hortaliças, grãos, carnes magras, leite desnatado e óleos vegetais. Além disso, possuem baixos teores de ácidos graxos saturados e de açúcar. A recomendação do consumo adequado de alimentos ricos em vitaminas, especialmente frutas e hortaliças, se justifica pela possível sinergia entre micronutrientes e compostos bioativos, contribuindo na prevenção contra DCV. A recomendação para o seguimento de padrões alimentares Mediterrâneo e DASH está contemplada nas principais Diretrizes preconizadas pela Associação Americana de Cardiologia e de Diabetes e do Guia Alimentar Americano (2015-2020).

No panorama atual do Brasil, o consumo médio de frutas e hortaliças em todas as regiões é insuficiente, não atingindo, na maioria das vezes, 30% da meta, enquanto outros alimentos, como aqueles ricos em gorduras e açúcares ultrapassam o limite recomendado. O baixo consumo de frutas e hortaliças é evidente pela alta porcentagem de inadequação de consumo de diversas vitaminas e minerais, conforme demosntrado pelo Inquérito Nacional de Alimentação) POF 2008-2009 (IBGE).

Diante deste cenário, destaca-se a importância do comprometimento dos profissionais da saúde em trabalhar para a implementação de políticas de saúde adequadas, fundamentadas em evidências científicas, visando alimentação saudável da população. Desta forma, é fundamental o alinhamento com as 9 metas propostas pela Organização Mundial da Saúde para a redução da incidência de novos casos de Doenças Crônicas Não Transmissíveis, projetadas para o ano de 2025. Entres elas, a retirada de ácidos graxos TRANS, redução de açúcar e de ácidos graxos saturados, juntamente com a inclusão de quantidades adequadas de frutas, hortaliças, grãos e óleos vegetais assume papel central.

Referências

Eckel RH, Jakicic JM, Ard JD, et al. American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. 2013 AHA/ACC guideline on lifestyle management to reduce cardiovascular risk: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. Circulation. 2014;129(25 Suppl 2):S76-99.

Mente A, de Koning L, Shannon HS, et al. A systematic review of the evidence supporting a causal link between dietary factors and coronary heart disease. Arch Intern Med. 2009;169(7):659-69. Review. Estruch R, Martínez-González MA, Corella D, et al. Effects of a Mediterranean-style diet on cardiovascular risk factors: a randomized trial. Ann Intern Med. 2006;145(1):1-

11 Yusuf S, Hawken S, Ounpuu S, et al. INTERHEART Study Investigators. Effect of potentially modifiable risk factors associated with myocardial infarction in 52 countries (the INTERHEART study): case-control study. Lancet. 2004;364(9438):937-52. Sacks FM, Svetkey LP, Vollmer WM, et al. DASH-Sodium Collaborative Research Group. Effects on blood pressure of reduced dietary sodium and the Dietary Approaches to Stop Hypertension (DASH) diet. DASH-Sodium Collaborative Research Group. N Engl J Med. 2001;344(1):3-10.

Ana Maria Pita Lottenberg, Nutricionista da Disciplina de Endocrinologia da FMUSP

veja também

assine nossa newsletter

    nome

    e-mail

    Você aceita as diretrizes desta newsletter

    x

    Aviso de Privacidade - Utilizamos cookies para melhorar a sua navegação e garantir a melhor experiência em nosso site em nosso site. Ao continuar navegando ou ao clicar no botão “ACEITO”, consideramos que você está de acordo com a nossa Política de Privacidade.

    ACEITO