16 de julho de 2024
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NOTA DE ESCLARECIMENTO: semaglutida e saúde ocular

Recentemente, um estudo americano publicado no JAMA Oftalmololgy ganhou destaque na mídia: os autores associaram ao uso de semaglutida uma doença ocular grave, mas rara, chamada neuropatia óptica isquêmica anterior não-arterítica, também conhecida pela sigla NOIA-NA.

Diante disso, os comitês científicos da Abeso, da Sociedade Brasileira de Diabetes, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e da Sociedade Brasileira de Oftalmologia se debruçaram sobre o trabalho para analisá-lo em detalhes e, assim, esclarecer principalmente os pacientes com diabetes ou obesidade que fazem uso ou que cogitam fazer uso desse medicamento. Leia a nota de esclarecimento completa assinada pelas quatro sociedades.

O resultado do estudo observacional

Em resumo, dos mais de 17 mil pacientes com doenças neuro-oftalmológicas de uma clínica especializada, 710 tinham diabetes e 979 apresentavam obesidade. No total, 555 se tratavam com semaglutida e, entre eles, 6,6% foram diagnosticados com NOIA-NA.

Já entre as 1.134 pessoas com diabetes ou obesidade que não usavam essa medicação, apenas 0,79% teve a mesma doença, uma diferença significativa do ponto de vista estatístico. No entanto, vale fazer uma série de ponderações importantes, a começar por ressaltar que o estudo foi observacional e não, randomizado.

Não dá para falar em causa e efeito

Chamamos a atenção que, mesmo entre aqueles que não usaram a semaglutida, apesar de o risco de NOIA-NA parecer pequeno, ele foi 79 vezes maior que na população geral. Isso sugere que indivíduos com uma doença neuro-oftalmológica prévia, como os frequentadores da clínica, podem já ter um risco elevado, sendo precipitado extrapolar esse resultado para todo o universo de pacientes com obesidade e diabetes.

Além disso, os pesquisadores não avaliaram a aderência ao tratamento com semaglutida ou a dose utilizada no momento do diagnóstico da doença ocular. Tampouco levaram em conta fatores de risco notórios para NOIA-NA, como o tabagismo, a duração do diabetes e até a morfologia de estruturas oculares. Isso seria fundamental. Portanto, não dá para deduzir uma relação de causa e efeito entre a semaglutida e a doença em questão.

Algumas das nossas recomendações

Recomendamos, porém, que o exame da retina seja realizado periodicamente pelos pacientes com diabetes. Por sua vez, por precaução, pessoas que já tenham manifestado NOIA-NA no passado devem interromper o uso da semaglutida, assim como quem sofreu perda súbita ou recente de visão, buscando um oftalmologista sem perda de tempo.

No mais, a semaglutida deve continuar sendo indicada para tratar a obesidade e o diabetes em quem não tem sintomas de doenças neuro-oftalmológicas. Aproveitamos para reiterar com veemência que ela é um remédio  que deve ser usado apenas e tão somente com prescrição médica.

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