26 de janeiro de 2023
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A primeira diretriz americana para o tratamento da obesidade em crianças e adolescentes

Hoje, de acordo com dados do CDC (Centers for Disease Control and Prevention), um em cada cinco meninos e meninas entre 2 e 19 anos de idade, nos Estados Unidos, têm obesidade, uma prevalência quatro vezes maior do que a dos anos 1970. 

O salto não aconteceu da noite para o dia. No entanto, a American Academy of Pediatrics (AAP)  só tinha publicado um único posicionamento sobre o assunto em 2007. Nele, recomendava que as famílias melhorassem a alimentação e estimulassem o exercício. Era, enfim, uma opinião de experts, algo bem diferente de uma diretriz — documento que, por natureza,  traz o que existe de melhor evidência científica e estabelece qual seria o padrão de excelência no cuidado.

Não só o texto do posicionamento era vago como, depois dele, houve um silêncio constragedor que só foi quebrado agora, com o lançamento da primeiríssima diretriz da AAP sobre o tratamento da obesidade em crianças e adolescentes. Mas não é apenas pelo ineditismo que o documento vem causando alvoroço.

Nas mais de 100 páginas em que esmiuça como devem ser realizados o diagnóstico e o tratamento da obesidade na população pediátrica, a academia reforça que, para combater o problema, é preciso implementar mudanças intensivas no estilo de vida. 

Sublinha, porém, que isso leva tempo, demanda um tremendo esforço, além de muita habilidade dos profissionais de saúde para que a abordagem seja correta. E, mesmo assim — eis o que mais causou o maior burburinho —, alerta que essas medidas talvez não sejam suficientes.

“Eles reconhecem que podem ser necessárias estratégias adicionais”, conta o presidente da Abeso, o endocrinologista Bruno Halpern. “Citam algumas medicações estudadas em jovens acima de 12 anos que poderiam ser cogitadas conforme o caso, afirmando que deixar de ofertá-las por uma espécie de ‘moralidade’ seria contribuir para o estigma da obesidade.”

A cirurgia bariátrica também é mencionada como opção para casos de extrema gravidade, devendo ser realizada em centros especializados, de acordo com a diretriz.

Bom frisar que não houve qualquer espécie de financiamento para a elaboração do documento que, no fundo, contém informações que os profissionais dedicados ao estudo e ao tratamento da obesidade já tinham. Mas, para o doutor Bruno Halpern, é muito significativo ver a disseminação desse conhecimento entre os pediatrias.

O americano Ted Kyle, da ConscienHealth — que assina a coluna com o mesmo nome na “Evidências em Obesidade e Síndrome Metabólica”, a revista da Abeso —, chama a atenção para o interesse que essa diretriz vem despertando  no mundo inteiro e vê nisso um sinal encorajador. 

“Pessoas que sempre subestimaram a necessidade de acompanhamento médico dessas crianças, julgando-as o tempo inteiro sem conhecerem a sua condição, ao saberem da diretriz talvez consigam desenvolver mais empatia por esses jovens e suas famílias”, pensa Kyle.

Outro motivo para o interesse pela diretriz é claro: infelizmente, os números da obesidade em crianças e adolescentes crescem em todos os cantos. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, são mesmo alarmantes. 

Aqui, entre os menores de 5 anos, a prevalência de sobrepeso é de 14,8% e a de obesidade fica em cerca de 7%. Já entre os brasileiros de 5 a 9 anos, 28% têm sobrepeso e 13,2% obesidade.

Leia a diretriz americana clicando aqui.

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