22 de abril de 2019
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“Todos os que atendem crianças e adolescentes deveriam calcular o seu IMC”

Por Juliana Sonsin e Lúcia Helena de Oliveira

Em 2006, a prevalência global de obesidade em crianças e adolescentes era de 16,8%. Dez anos depois, em 2016, ela já tinha saltado para 21,7%. Foram com esses dados, publicados na revista The Lancet, que a médica Louise Cominato (na foto abaixo) abriu sua palestra sobre a obesidade infantil na edição de 2019 do congresso da Abeso.

Endocrinologista pediátrica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, ela chamou a atenção para o estilo de vida — uma vida um tanto virtual, pena — que a meninada leva hoje em dia. Para isso, exibiu parte dos resultados de uma pesquisa, realizada pelo Ibope sob encomanda da Nestlé, envolvendo crianças da região metropolitana de São Paulo. Segundo ela, “cerca de metade passa mais de cinco horas brincando em computadores, celulares e tablets. Isso é tempo demais!”, disse a médica em tom de espanto.

Para evitar o sedentarismo e outros maus hábitos que favorecem o ganho de peso excessivo na infância, a Academia Americana de Pediatria estabeleceu um limite claro: duas horas por dia diante de telinhas, telas e telões. E  isso, olhe lá, para meninos e meninas acima dos 2 anos de idade, nunca antes.

A doutora Louise reforçou à plateia a necessidade de toda criança ter o seu IMC calculado. “Não há uma fórmula fixa, como no caso dos adultos. Mas todo profissional de saúde que atende crianças e adolescentes deve ter acesso fácil à tabela da Organização Mundial de Saúde para saber a condição do seu paciente”. E exemplificou: “O risco de diabetes tipo 2 é quatro vezes maior em crianças e jovens que se encontram com um IMC acima do normal. Pela nossa experiência, mais de 70% têm resistência à insulina e outros problemas relacionados à síndrome metabólica.”

A palestrante falou ainda um pouco sobre o seu dia a dia no Instituto da Criança, onde trabalha ao lado de colegas médicos, professores de educação física, nutricionistas, psicólogos… “Um problema multifatorial como é a obesidade infantil precisa ser tratado por uma equipe multidisciplinar ou não há muita chance de sucesso”, opinou.

Louise Cominato diz que há casos que, mesmo na infância, precisam ser tratados com remédios e, mais raros, até mesmo com cirurgia bariátrica — no caso, indicada para pacientes acima de 16 anos, em que nada mais funcionou e que apresentam condições cognitivas e psicológicas favoráveis.

Primeiro, ajustes no estilo de vida

No entanto, de acordo com a endocrinologista, a proposta inicial de tratamento da criança e do adolescente com obesidade deve ser uma dieta hipocalórica, que terá maior sucesso, no sentido de aderência inclusive, se for totalmente personalizada.

“O objetivo número 1 é organizar os horários para a alimentação, incentivar o consumo de alimentos e bebidas com qualidade nutricional, dar o apoio emocional necessário — até com psicoterapia, se for o caso — e motivar o menino ou a menina com obesidade a levar uma vida mais ativa.” Isso inclui, é claro, deixar as telinhas um pouco de lado.

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