10 de setembro de 2015
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Taxar alimentos reduz obesidade?

Por Henrique Suplicy, endocrinologista do Departamento de Epidemiologia e Prevenção da Abeso

A obesidade vem aumentando no mundo todo, em ambos os sexos e em todas as faixas etárias, inclusive em crianças o que é muito preocupante. De acordo com pesquisa divulgada pelo IBGE em agosto de 2015, cerca de 24,4% das mulheres e 16,8% dos homens Brasileiros são portadores de obesidade (Índice de Massa Corporal – IMC maior que 30). Esta mesma fonte revela também que 15% das crianças entre 5 e 9 anos estão obesas Além de aumentar a mortalidade, a obesidade pode acarretar inúmeras outras doenças, tais como: diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, aumento de gorduras no sangue, problemas articulares, alguns tipos de câncer, apneia do sono, etc.

A principal causa para este aumento na prevalência da obesidade é a mudança do estilo de vida propiciado pela vida moderna. Em primeiro lugar, diminuição de atividade física. Apesar de que o número de academias de ginástica, ciclovias, parques, etc. vem aumentando, poucas são as pessoas que fazem exercícios regularmente (atividade física programada). Por outro lado, houve uma diminuição enorme das atividades do dia a dia (atividade física não programada): meios de transporte motorizados, escadas e esteiras rolantes, lavadoras de roupa e louça, controle remoto, telefones sem fio, etc. Em segundo lugar, a fartura de alimentos processados, industrializados, semi-prontos, baratos, saborosos, em porções exageradas, ricos em energia e altamente calóricos. O objetivo de qualquer indústria é vender e a de alimentos não foge a esta regra. Açúcar, gorduras e sal, tornam os alimentos mais saborosos e por esta razão a quantidade destes ingredientes nos alimentos industrializados é cada vez maior. Além de eventuais danos para a saúde, estes alimentos contribuem em muito para a obesidade

Frente a este panorama preocupante, o que fazer?

O ideal seria a  reeducação, a conscientização da população para uma vida mais ativa e uma alimentação mais saudável. Para que estes objetivos sejam atingidos, nossos governantes teriam que entender e abraçar esta causa.  Uma das ações dos governos municipal, estadual e federal seriam campanhas usando todos os meios de comunicação: rádio, televisão, “outdoor”, etc. Não há propaganda de banana, maçã ou alface, já as de alimentos hipercalóricos são frequentes. Outra ação seria a proibição de brindes (brinquedos) vendidos junto com o alimento e a proibição do uso de imagens de animais, personagens de desenhos animados ou celebridades para promover os alimentos. Uma outra ação seria a rotulagem de alimentos inspirada em um semáforo: os alimentos ricos em sal, açúcar ou gordura teriam impresso na embalagem um círculo vermelho, os alimentos mais saudáveis receberiam círculos amarelo ou verde. Uma ação já adotada em alguns países é o aumento de imposto sobre os alimentos ultra-processados, embalados, hipercalóricos ou que receberam o selo vermelho. O dinheiro obtido com esta sobretaxa deveria ser utilizado em campanhas educativas por uma alimentação mais saudável e uma vida mais ativa. No México esta atitude de sobretaxar estes alimentos, resultou em uma diminuição de 12% no seu consumo. Não importa a ação adotada, o fundamental é que esta escalada da obesidade seja estancada e REEDUCAÇÃO é a palavra chave.

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