07 de julho de 2017
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Sobrepeso e obesidade na gestação podem aumentar risco de malformações congênitas

Para estimar os riscos de malformações congênitas importantes, o estudo Risk of major congenital malformations in relation to maternal overweight and obesity severity: cohort study of 1.2 million singletons, publicado no jornal britânico The BMJ, comparou os bebês nascidos de mães com baixo peso (índice de massa corporal – IMC <18,5), sobrepeso (IMC 25 a <30) e com obesidade I (IMC 30 a <35), II (35 a <40) ou III (≥40) com os de mães com peso normal (IMC 18,5 a <25), conforme registros da primeira consulta pré-natal.

Foram analisados mais de 1,2 milhão de nascimentos ocorridos na Suécia, entre 2001 e 2014. Naquele país, o atendimento pré-natal e o parto são realizados pela rede pública e a participação em um programa padronizado de acompanhamento pré-natal é de quase 100%. Há, portanto, registros pré-natais, obstétricos e neonatais, que incluem informações coletadas durante a gravidez, parto e o período neonatal, desde 1972, e também a altura e o peso materno, que foram incluídos no registro em 1992.

Com estas informações, foram analisadas todas as malformações congênitas graves e subgrupos de malformações específicas diagnosticadas durante o primeiro ano de vida das crianças. 

Do grupo estudado, 43.550 crianças apresentaram malformações congênitas graves variadas, sendo mais frequentes os defeitos cardíacos congênitos. Em comparação com os nascidos de mães com peso normal (3,4% apresentaram malformações), as proporções e os índices de risco para malformações congênitas foram maiores à medida que o IMC era mais elevado: excesso de peso (3,5%), obesidade classe I (3,8%), obesidade classe II (4,2%) e obesidade classe III (4,7%).

Além dos defeitos cardíacos congênitos, as malformações do sistema nervoso e os defeitos dos membros superiores e inferiores também aumentaram progressivamente com o IMC das mães. Malformações nos sistemas genital e digestivo também foram observadas.

 

A epidemia da obesidade no mundo 

A obesidade já atinge proporções epidêmicas em diversos países. Segundo o estudo, cerca de metade das mulheres nos Estados Unidos tem sobrepeso ou obesidade na primeira visita pré-natal, e a alta prevalência de obesidade classe III (IMC ≥40), que atinge 10 a 12% das mulheres em idade reprodutiva, é extremamente preocupante. 

Na Suécia, os pesquisadores destacam que a prevalência de obesidade (IMC ≥ 30) aumentou de 6% para 12,9% de 1992 para 2014. E afirmam que, no mundo inteiro, o número estimado de mulheres com 18 anos ou mais, com IMC ≥35, passou de 50 milhões para 100 milhões entre 2000 e 2010. 

Neste cenário, uma meta-análise relatou que filhos de mães obesas têm risco aumentado para uma ampla gama de malformações congênitas, incluindo defeitos do tubo neural, anomalias cardiovasculares, fissuras labiais e palatinas, atresia anorretal e anomalias de redução dos membros. 

Já é sabido que malformações congênitas graves são uma causa importante de morte fetal e uma das principais causas de mortalidade infantil e morbidade a longo prazo. Assim, o peso da mulher que deseja engravidar deve ser uma preocupação adicional, particularmente pelo fato da prevalência de obesidade severa (IMC ≥35) estar aumentando rapidamente.

 

Principais malformações identificadas

Dos mais de 1,2 milhão de nascidos vivos e únicos acompanhados, 43.550 (3,5%) apresentaram alguma malformação congênita grave. Os defeitos cardíacos congênitos foram a malformação mais comum (1,6%), seguidos de malformações dos órgãos genitais (0,5%), membros (0,4%), sistema urinário (0,3%), outros (0,2%), olho (0,2%), sistema digestivo (0,2%), fissuras orofaciais (0,1%) e sistema nervoso (0,1%). 

Uma informação relevante, destacada no estudo, é que, embora a suplementação com ácido fólico esteja associada à diminuição dos riscos de defeitos do tubo neural e malformações cardíacas congênitas, não foram coletadas informações sobre esta suplementação no início da gravidez. 

 

Ácido fólico e obesidade

Os pesquisadores também lembram que a deficiência de ácido fólico é comum na obesidade, e de acordo com uma pesquisa nacional recente nos Estados Unidos, mulheres com excesso de peso e obesas são as menos propensas a tomar multivitamínicos antes da gravidez em comparação com mulheres com peso normal. 

Assim, os autores consideram possível que os riscos aumentados de defeitos do tubo neural e de defeitos cardíacos congênitos entre os filhos de mães obesas possa ser, em parte, atribuídos a uma eventual deficiência de ácido fólico.

 

Conclusão

O estudo revelou que a prevalência de malformações congênitas graves aumenta progressivamente com o excesso de peso e a obesidade materna durante a gravidez. 

Este fato deixa evidente a importância de buscar um IMC materno normal antes da gravidez. Esta redução de peso deve ocorrer, preferencialmente, ainda antes da concepção, uma vez que a organogênese ocorre até a oitava semana de gestação. 

Assim, todos os esforços devem ser dispendidos no incentivo às mulheres em idade reprodutiva em adotar um estilo de vida saudável e um peso corporal adequado.

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