29 de março de 2025
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Projeto MeNu

Você sabe o que é transição culinária? É o que a nossa sociedade vive nestes tempos: um reflexo do enfraquecimento na transmissão das habilidades culinárias de geração em geração. Esse fenômeno tem provocado redução no preparo de refeições caseiras, enquanto o consumo de alimentos ultraprocessados cresce a passos largos. 

“A importância dos alimentos in natura e minimamente processados associados ao consumo de comida caseira não pode ser subestimada para a prevenção e o tratamento da obesidade. É aí que entra a educação culinária”, diz a nutricionista Ana Carolina Junqueira Vasques, pesquisadora e professora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), no interior paulista. Lá, ao lado dos professores Caroline Capitani, Bruno Geloneze e Licio Velloso, ela idealizou o Projeto MeNu – Medicina Culinária e Nutrição na Atenção à Saúde, que é vinculado ao Vinculado ao OCRC (Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades).

Iniciado em 2022 e contando com uma cozinha didática, projetada para proporcionar uma experiência imersiva e propícia à aprendizagem e à troca de saberes, o Projeto MeNu utiliza a metodologia hands-on cooking – ou seja, faz os participantes colocarem a mão na massa. E quem são eles? Principalmente, estudantes e residentes do curso de Medicina da universidade.

Médico aprendendo a cozinhar?!

“Desenvolver habilidades culinárias é uma competência essencial para todos, inclusive para os médicos, que atuam na linha de frente do cuidado em saúde”, opina a professora Ana Carolina. “Além de permitir que cuidem melhor da própria alimentação, esse aprendizado amplia sua capacidade de escuta e de compreensão sobre as práticas alimentares de seus pacientes, possibilitando orientações mais realistas.” Ela faz questão de observar que a experiência pessoal com a culinária contribui para a construção de um diálogo mais empático e qualificado, favorecendo a adesão a hábitos alimentares saudáveis e auxiliando na prevenção e no manejo de doenças crônicas, como a obesidade.

Mas a professora ressalta:  “O aprimoramento dos conhecimentos culinários pelos médicos não substitui a atuação do nutricionista, profissional com expertise específica para avaliação, prescrição e acompanhamento nutricional. Pelo contrário!  Ao aprofundarem sua compreensão sobre a importância da alimentação, os médicos tendem a valorizar ainda mais o trabalho dos nutricionistas, fortalecendo o encaminhamento de pacientes para esse acompanhamento especializado sempre que necessário”.

Como é o programa

As aulas possibilitam o entendimento de toda a complexidade que envolve a alimentação e o comportamento alimentar e são estruturadas para contemplar quatro pilares: autocuidado, apostando que  o estilo de vida dos próprios médicos acaba influenciando os hábitos dos seus pacientes; conhecimentos básicos de alimentação, nutrição e comensalidade, sempre explorando as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira; habilidades culinárias, focando em soluções rápidas para vencer a falta de tempo, considerada um dos maiores desafios da atualidade para o preparo de comida caseira; finalmente, técnicas de comunicação médico-paciente, para facilitar a identificação de obstáculos e a adoção de comportamentos saudáveis. 

Até o momento, cerca de 300 alunos e residentes já se beneficiaram dessas aulas, ministradas pelos professores e idealizadores da iniciativa. Mas o Projeto MeNu também oferece oficinas culinárias voltadas para os funcionários da Unicamp e para a comunidade externa, sobretudo para pessoas com excesso de peso corporal. Essas oficinas são estruturadas em minicursos de quatro encontros e, até o momento, cerca  80 pessoas tiveram a chance de participar . Os encontros são conduzidos por estudantes do curso de Nutrição, sob a supervisão de nutricionistas pós-graduandos e docentes.

Projeto MeNu é um exemplo de como aprender culinária pode ser uma valiosa ferramenta de educação alimentar e nutricional, auxiliando na promoção de novos hábitos, essenciais para a prevenção e o controle da obesidade.

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