30 de junho de 2020
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Pontos-chave no acompanhamento do paciente bariátrico

No último dia 23 de junho, a Abeso apoiou a realização do webinar “Cirurgia Bariátrica e Metabólica: Acompanhamento Nutricional e Endócrino no Pós-Operatório”, organizado pelo capítulo de Santa Catarina da Associação Brasileira das Ligas Acadêmicas de Cirurgia. E aqui vale destacar alguns pontos levantados durante o evento.

A noção de continuidade é fundamental

Essa foi uma questão importante levantada pela nutricionista Carina Rossoni, membro do nosso departamento de cirurgia bariátrica: “Além de discutir um pouco qual seria perfil ideal de nutricionista clínico para atuar na área da cirurgia, fiz questão de defender que o tratamento não pode ser fragmentado”, disse Carina. “Ou seja, ele não pode — ou não deveria — ser realizado por um nutricionista na etapa pré-operatória e por outro profissional depois da operação”, opina. Para ela, entender todas as características do organismo do paciente antes da cirurgia favorece o seu acompanhamento depois.

O tratamento nutricional no pré-operatório

Carina Rossoni ressaltou em sua apresentação que a reeducação alimentar precisaria iniciar bem antes de o paciente ir para a sala de cirurgia. Primeiro, insistiu, porque isso facilitará a adaptação do indivíduo operado depois. E, em segundo lugar, porque a redução do peso diminuirá o risco cirúrgico.

A nutricionista ainda falou sobre a reposição de vitaminas e minerais na fase pré-operatória. “A pessoa com obesidade, ao contrário do que imagina o senso comum, muitas vezes apresenta deficiências graves desses micronutrientes. E faz todo o sentido não esperar para corrigi-las, o que mais uma vez aumenta a segurança do tratamento cirúrgico.”

A dieta no pós-operatório

O universo do tratamento nutricional no pós-operatório é bastante amplo e, portanto, o papel do nutricionista é um tanto abrangente. “Nunca daria para falar sobre tudo em um único webinar”, reconhece Carina, que, então, escolheu dois itens para destacar durante o evento.

Um deles, as fibras fermentáveis. “Elas possuem uma função prebiótica, o que nem toda fibra fibra tem. Com isso, ajudam no equilíbrio da microbiota intestinal e, ao serem fermentadas por essas bactérias do intestino, geram moléculas de ácidos graxos de cadeia curta que contribuem demais para a saúde do paciente erm recuperação da cirurgia bariátrica, diminuindo a inflamação em seu organismo.”

Um exemplo de fonte de fibras fermentáveis, segundo Carina Rossoni, seria a aveia — “não importando, no caso, se o paciente prefere consumí-la em flocos, flocos finos ou farinha”, diz. Ela lembra que a recomendação diária é consumir de 25 a 30 gramas de fibras em geral. E, dentro disso, de 5 a 10 gramas idealmente deveriam ser fibras fermentáveis.

O outro destaque na discussão sobre a dieta no pós-operatório foi para as proteínas de alto valor biológico, especialmente as de origem animal. “Digo as de origem animal porque elas, de quebra, ajudam a repor vitaminas, como a B12, e minerais como o ferro e o cálcio”, justifica Carina Rossoni. “De modo geral, devemos ficar muito atentos às proteínas para evitar a todo custo algo que não queremos ver depois de uma bariátrica, que seria a perda acentuada de massa magra.”

O acompanhamento clínico

Essa parte coube à apresentação da endocrinologista Jacqueline Rizzolli, membro da diretoria da Abeso. “A cirurgia é uma ferramenta para auxiliar na redução sustentada de peso”, ela definiu durante o evento. “Mas ela precisa ser encarada como uma etapa nesse processo. Não importa a técnica utilizada, o paciente bariátrico deverá ser acompanhado por uma equipe multiprofissional e deverá fazer a reposição de vitaminas e de sais minerais por toda a vida.”

Aliás, a médica aproveitou a oportunidade e revisou o conhecimento de todos sobre o impacto das deficiências de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e de hidrossolúveis (no caso, a vitamina C e as do complexo B), bem como falou sobre a falta de diversos minerais.

“Todo paciente bariátrico precisará repor essas substâncias e as doses, no caso, vão depender do resultados de exames laboratoriais”, falou a doutora Jacqueline, que também fez questão de lembrar que a atividade física regular, ao lado da dieta bem orientada, é indispensável para otimizar os resultados cirúrgicos.

Encontros assim vieram para ficar

Esse é o ponto de vista de Carina Rossoni: “Apesar de o momento de uma pandemia ser bastante angustiante e desafiador, ele também nos faz enxergar novas possibilidades”, reflete. “Por exemplo, tivemos participantes nesse webinar não só de Santa Catarina, onde foi organizado, mas de todo o Sul, do Sudeste e do Nordeste. Encontros assim de atualização e de partilha de aprendizados, com todos trocando a sua experiência, são riquíssimos. E acredito que ninguém irá querer abrir mão de oportunidades assim, que as plataformas digitais propiciam, no futuro. A era do webinar veio para ficar.” E, no que depender da Abeso, serão muitos encontros de atualização científica sobre tudo o que diz respeito à obesidade e à síndrome metabólica.

Aliás, você pode assistir esse evento online acessando-o pelo link abaixo

https://www.youtube.com/watch?v=EgtbuKyZuko

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