26 de outubro de 2017
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Pesquisadores analisam relação entre obesidade e depressão

Um novo estudo realizado por especialistas do Centro Médico da Universidade de Vrije, em Amsterdã, encontrou vínculos genéticos importantes entre obesidade e transtorno depressivo maior (TDM).

Publicado na revista JAMA Psychiatry, o estudo denominado Genetic Association of Major Depression With Atypical Features and Obesity-Related Immunometabolic Dysregulations verificou que é crescente o número de pessoas deprimidas que também apresentam problemas metabólicos, como diabetes tipo 2 ou excesso de peso, e vice-versa, os pesquisadores procuraram compreender a mecânica que une estas duas condições. Assim, analisaram as variações na sequência de genes de pessoas com TDM e obesidade, em busca de semelhanças.

O assunto chamou tanto a atenção da comunidade científica que foi tema do Editorial da edição de 18 de outubro de 2017 da revista, a mesma em que o artigo foi publicado.

De acordo com os editores do JAMA Psychiatry, o Transtorno Depressivo Maior (TDM) é uma preocupação importante para a saúde pública e muitas vezes vem acompanhado de outras condições médicas graves, como obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.

Destacam, no texto, que diversos sintomas de TDM estão relacionados ao equilíbrio energético, incluindo distúrbios de peso, apetite e sono. Afirmam, ainda, que mesmo que fatores genéticos venham sendo sistematicamente demonstrados como influenciadores das diferenças individuais em TDM e índice de massa corporal (IMC), é surpreendentemente limitada a quantidade de estudos sobre o tema.

 

O estudo

A análise genética comparativa foi realizada de 28 de setembro de 2015 a 20 de maio de 2017, e reuniu 26.628 participantes do projeto de pesquisa Psychiatric GWAS Consortium, entre mulheres e homens (59,1% do sexo feminino e 40,9% do sexo masculino), sendo 11.837 portadores de TDM e 14.791 indivíduos no grupo de controle.

Cerca de 15% das pessoas com TDM relataram aumento do apetite e também do peso quando deprimidas. Utilizando uma combinação de técnicas genéticas moleculares, os pesquisadores identificaram as variantes genéticas comuns a todos os participantes do estudo. Os pacientes com diagnóstico de TDM foram divididos em subgrupos, de acordo com as alterações dos sintomas ao longo do período analisado.

Foram descobertas, desta maneira, uma série de variantes associadas a maiores índices de massa corporal (IMC), níveis elevados do marcador de proteína C-reativa (PCR) e níveis anormais de leptina, um hormônio regulador do apetite e do metabolismo.

Estatisticamente, 18% dos pacientes com TDM, que enfrentavam problemas de peso, eram geneticamente predispostos a ter um IMC elevado; 8% eram mais propensos a ter altos níveis de PCR; e 9% mais propensos a ter deficiência de leptina.

 

Alterações metabólicas e hereditariedade

Os pesquisadores então passaram a traçar interações entre esses fatores genéticos, alterações metabólicas e processos que levaram ao TDM ou à obesidade.

De acordo com os pesquisadores, o TDM pode começar com uma inflamação generalizada (indicado por PCR elevado) que "se espalha" para o cérebro e prejudica a produção ou transmissão de hormônios envolvidos na regulação do humor e do metabolismo.

Níveis elevados de PCR e outras citocinas pró-inflamatórias podem levar a um hipotálamo hiperativo, que é a região do cérebro que rege a produção de precursores de neurotransmissores (como a serotonina), que comumente estão fora de equilíbrio nos distúrbios depressivos.

O hipotálamo também controla a sinalização da leptina, cuja desregulação tem sido associada ao aumento do apetite e menor saciedade após as refeições. Os pesquisadores descobriram que distúrbios na sinalização de leptina influencia a regulação do humor.

 

Um caminho de ida e volta

A relação entre obesidade e depressão parece ser bidirecional, ou seja, o sobrepeso e a obesidade podem aumentar a probabilidade de depressão, assim como as pessoas com sobrepeso terão maior propensão à depressão.

Há, no entanto, evidências que sugerem que pequenas mudanças de estilo de vida, como a prática de atividade física em qualquer intensidade, por ao menos uma hora por semana, pode reduzir consideravelmente o risco de desenvolvimento da depressão.

Ao final do estudo, os autores sugerem que, à medida que a aumenta a prevalência de depressão e obesidade, entender a conexão entre as duas e desenvolver terapias que as abordem simultaneamente é de suma importância.

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