17 de janeiro de 2008
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Pesquisa Afirma que 3% da População Brasileira Têm Obesidade Mórbida

Por Flavia Garcia Reis
17 de janeiro de 2008.


Pesquisa nacional sobre obesidade revela que o número de pacientes acima do peso cresce constantemente. Em entrevista à reportagem do site da Abeso, o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Dr. Luiz Vicente Berti, afirma que não basta aperfeiçoar o tratamento da obesidade com ambulatórios especializados e programas elaborados. É preciso mudar os conceitos em relação à saúde no Brasil.

1. Quais os principais tópicos da pesquisa?

– A Obesidade no Brasil
O dado mais alarmante da pesquisa mostrou que em 20 anos a porcentagem de obesos mórbidos saltou de 0,6% para 3%, ou seja, cresceu 400%. Hoje, 51% dos brasileiros têm sobrepeso, 14% são obesos e 3% são obesos mórbidos.

A obesidade mórbida não escolhe classe social ou nível de escolaridade, sendo que as classes A e E apresentam os mesmos níveis de obesidade mórbida (4%), e o analfabeto funcional é tão obeso quanto o indivíduo com curso superior completo.

As capitais apresentam índices de obesidade mórbida maior que o interior (2% contra 3%).

– Qualidade de Vida
83% dos obesos mórbidos afirmam ter uma vida mais ou menos saudável ou nada saudável; 73% afirmam que sua alimentação é mais ou menos saudável ou nada saudável.

– Hábito Alimentar
Cerca de 67% dos entrevistados afirmam não realizar refeições formais fora de casa e 145% possui o hábito de consumir fast food. Em média suas refeições duram em torno de 20 minutos e 43% as fazem assistindo televisão. Quanto à cocção, cozidos com óleo representam 81%; frituras, 50%; grelhados, 18%. Cerca de 60% dos entrevistados com sobrepeso, obesidade e obesidade mórbida alteram suas refeições para alimentos mais calóricos e em maior quantidade, nos finais de semana.

– Dieta
Em torno de 34% dos obesos mórbidos afirmam fazer dieta, sendo que 53% decidiram espontaneamente. Cerca de 20% afirmam utilizar ou já haver utilizado remédios (fórmulas manipuladas: 33%; moderadores de apetite: 14%; anfepramona: 10%; não sabem ou não lembram: 15%; e, pasmem, 17% admitem que já foram induzidos pela mídia pelo menos uma vez para comprar produtos para emagrecer).

– Excesso de Peso
76% dos obesos mórbidos têm dificuldades ao comprar roupas; 59% ao praticar atividades físicas; 56% ao subir escadas; 49%, para amarrar sapatos; 44%, passar em roletas de ônibus ou metrô; 34% dos obesos mórbidos já sofreram preconceitos nos transportes; 54%, na escola; 31%, dentro de sua própria casa e, pasmem, pelos médicos, 13%. Estes indivíduos têm um gasto médio anual ao redor de R$ 1.800,00 com uma renda familiar em torno de R$ 1.300,00

2. De que forma os resultados desta pesquisa podem mobilizar o governo federal em uma atuação mais efetiva?

Ao analisarmos os dados da pesquisa, os indivíduos com idade entre 18 e 25 anos apresentam 66% de sobrepeso e 0,4% de obesidade mórbida. Entre 26 e 35 anos, 56% de sobrepeso e 2,3% de obesidade mórbida, e entre 46 a 55 anos, 39% de sobrepeso e 5% de obesidade mórbida.

Os dados demonstram claramente que o indivíduo com sobrepeso de hoje é o obeso de amanhã e, com toda certeza, o obeso mórbido de depois de amanhã. A pesquisa mostrou a validade de atitudes práticas como, por exemplo, campanhas de conscientização junto aos pais. Isto para que cada um, num ato de amor, mude seus hábitos de vida, na tentativa de que seu filho siga seus exemplos e volte a jogar futebol no campo, e não por computadores. Que o bom hábito de família em comer à mesa retorne aos nossos lares, por exemplo.

Também que nossas autoridades criem e aperfeiçoem o tratamento à obesidade com ambulatórios especializados, com programas elaborados, visando a não dar remédios, mas sim mudar conceitos.

3. O número de residências pesquisadas é satisfatório? E em que período e de que forma foi realizada a pesquisa?

Foram realizadas 4.223 entrevistas para mapeamento do IMC, sendo que 2.179 entrevistas foram aprofundadas. Esta quantidade de entrevistas (2.179) tem margem de erros de 2.1 pontos percentuais, este índice é aconselhado para a pesquisa em questão.

As entrevistas foram realizadas entre os meses de junho a setembro de 2007.

O universo da amostra são habitantes pertencentes às classes A/B/C/D/E com idades entre 18 e 65 anos e residentes das Capitais, R. Metropolitana ou Interior das 5 regiões brasileiras: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

A metodologia utilizada foi quantitativa probabilística e uma amostra paralela complementar de controle de obesos mórbidos.

4. As estatísticas encontradas foram novidade ou esses percentuais já eram estimados?

Dados em relação a preconceito, doenças associadas de certo modo já eram esperados, mas os alarmantes índices de obesidade mórbida e seus custos sociais e econômicos nos surpreenderam.

5. Existe algum lugar que a pesquisa completa esteja disponível? Se sim, onde?

A pesquisa estará disponível no site da SBCBM a partir do mês de março.


 

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