11 de julho de 2017
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Participação do pai nos cuidados com os filhos pode auxiliar no combate à obesidade infantil

Prevenir a obesidade em crianças desde cedo é uma medida essencial no enfrentamento da atual epidemia de obesidade que vivemos. Já é consenso entre especialistas que crianças jovens, com peso acima do esperado para a idade, são mais propensas a desenvolver obesidade na idade adulta, bem como outras doenças crônicas relacionadas ao excesso de peso.

Nesta primeira infância, sobretudo, pais e mães são grandes influenciadores, interferindo diretamente no peso dos pequenos. Nesta fase, moldam e interferem nas preferências dietéticas e no nível de atividade física de seus filhos. 

No entanto, a maior parte da pesquisas sobre influências parentais no peso das crianças se concentra nas mães. Acontece que, nas últimas décadas, o papel dos pais na assistência à infância têm aumentado.

Pensando nisso, o estudo The longitudinal association between early childhood obesity and fathers' involvement in caregiving and decision-making avaliou o envolvimento dos pais nos cuidados com seus filhos de 2 a 4 anos de idade e buscou associação nas alterações relacionadas à obesidade das crianças neste período. 

O estudo, publicado no Jornal Obesity, da associação norte-americana The Obesity Society, avaliou o envolvimento da figura paterna na educação dos filhos e sua influência sobre a tomada de decisão das crianças. Foram  considerados a idade dos filhos, profissão de pais e mães e situação socioeconômica da família. 

Ao final, as crianças cujos pais aumentaram sua participação, levando os filhos para brincar e se envolvendo mais com os cuidados do dia a dia, tiveram melhora significativa no controle do peso e, consequentemente, ao final do estudo uma queda no risco de desenvolver a obesidade. 

 

O estudo

Foram avaliadas inicialmente 10.700 crianças americanas, desde o nascimento, em 2001, durante os seis primeiros anos de vida. Ao final, o estudo foi centralizado nas 3.900 que atendiam os requisitos de estrutura familiar necessários. 

A pesquisa avaliou o tipo de relacionamento dos pais com os filhos e fatores diretamente relacionados à nutrição e atividade física das crianças. Também foi registrado o conhecimento que os pais tinham sobre nutrição, atividade física e hábitos de alimentação infantil. 

 

O papel dos pais 

A participação dos pais incluiu não apenas o tempo gasto com as crianças, mas também o tipo de atividades que dedicaram a elas, como dar banho, trocar roupa ou assistência durante as refeições. 

Verificou-se que, ainda hoje, a maior parte do tempo dos pais com os filhos é dedicada ao brincar ou à supervisão de atividades de recreação. Talvez por isso, mesmo com o seu papel crescente, os pais permanecem sub-representados nas pesquisas sobre sua influência sobre a obesidade infantil.

Também foi possível perceber que o conhecimento nutricional dos pais, em geral, é insuficiente, mas houve variação de acordo com nível de educação e padrão de moradia das famílias.

 

Os resultados

Os resultados do estudo incluíram alteração comportamental relacionada à obesidade e atividades, assim como status de peso. Por comportamento relacionado à obesidade estão incluídos o tempo diário gasto em frente à televisão, computador, tablets ou celulares e também o consumo de bebidas açucaradas, como sucos artificiais, refrigerantes ou isotônicos. 

Ao final do estudo, observou-se um aumento em mais de 20% no envolvimento dos pais e em sua influência na tomada de decisões. Também aumentaram 15% sua participação na disciplina dos pequenos, e 40% nos assuntos relacionados à nutrição.

Como estas mudanças, a proporção de crianças com excesso de peso diminuiu de 13,7% para 7,6% e a proporção de crianças com obesidade baixou de 6,4% para 4,4%. No período, não houve alteração do tempo das crianças em frente à televisão, computador ou equipamentos eletrônicos.

 

Hipótese

Foi possível observar que o principal tempo dedicado pelos pais aos filhos está relacionado às brincadeiras. Assumir este papel, enquanto as mães seguem mais exigidas nos cuidados pessoais de saúde e alimentação, pode ter um papel compensatório bastante benéfico para todos. 

Ao atrair para si atividades relacionadas à recreação, os pais estarão contribuindo para que suas crianças sejam fisicamente mais ativas do que aquelas que dependem apenas das mães, que não têm tanta energia e disposição devido às demais responsabilidades que estão em suas mãos.

 

Para refletir

Assumir o preparo refeições, dar banho nas crianças ou participar ativamente das decisões relacionadas à criança são tarefas que, desempenhadas pelos pais, aliviarão o estresse materno, que é outro fator importante associado ao aumento de peso infantil. 

Especialmente no caso de pais com níveis mais altos de educação, os benefícios desta mudança de atitude foram mais positivos para a saúde dos filhos. No entanto, a maior participação dos pais com no preparo de refeições, em geral, não trouxe benefícios diretos relacionados ao controle de peso ou à prevenção da obesidade infantil. 

Provavelmente, isso aconteceu pelo fato da oferta de alimentos vinda das mães ainda ser mais saudável, enquanto que as refeições preparadas pelos pais, em geral, foram menos nutritivas. Também foi constatado que os pais tendem a permitir mais os lanches fora de hora e oferecem mais tempo em frente à televisão ou com equipamentos eletrônicos enquanto cuidam de seus filhos.

 

Conclusão

Com todos estes achados, os pesquisadores estão certos que o envolvimento paterno é muito importante no controle do peso das crianças e prevenção da obesidade. Esta participação pode ser particularmente importante nas famílias que têm outros fatores de risco para a obesidade, como dificuldades econômicas ou no caso de mães que trabalham fora. 

Ao final, o estudo sugere que os pais sejam fortemente incentivados a aumentar seu envolvimento com a criação de seus filhos para, entre outros benefícios, reduzir os riscos de sobrepeso e obesidade. 

 

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