09 de junho de 2016
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Os minúsculos organismos que habitam nosso intestino e sua relação com a obesidade

Imagine uma população de dezenas de trilhões de microrganismos de pelo menos mil espécies diferentes. Pois eles habitam o nosso intestino, é chamada microbiota intestinal. Sabemos que a obesidade pode estar ligada a uma desordem dessa microbiota. O que ainda não se sabe ao certo é como esse processo se dá, mas um novo estudo da revista Nature traz luz a essa questão.

Um estudo anterior já havia identificado que o acetato, que é um ácido graxo de cadeia curta, estimula a secreção de insulina em ratos. O estudo comandado por George R. Cowgill, do Instituto Médico de Howard Hughes, com apoio de uma equipe de cientistas da Universidade de Yale, realizou uma sequência de testes em modelos de ratos.

O processo consistiu em comparar acetato e outros ácidos graxos de cadeia curta. O resultado? Foram encontrados níveis mais elevados de etilo em animais que consumiam diera rica em gordura. Outra observação foi que as infusões de acetato estimularam a secreção de insulina pelas células beta no pâncreas. Restava descobrir como.

Pela análise realizada, quando o acetato era injetado diretamente no cérebro, era desencadeado o aumento na insulina pela ativação do sistema nervoso parassintático. Ou seja, o acetato estimulava as células beta a segregarem mais insulina em resposta à glicose, por meio de um mecanismo no sistema nervoso central, além de estimularem a secreção de gastrina e grelina, que podem levar ao aumento da ingestão alimentar.

O último passo foi estabelecer uma relação causal entre a microbiota intestinal e o aumento de insulina. Para isso, foi realizado um transplante de matéria fecal de um grupo de ratos para outro. Foi então que se observaram alterações semelhantes na microbiota intestinal, níveis de acetato e insulina.

Os pesquisadores afirmam que, em conjunto, esses experimentos mostram uma relação causal entre as alterações da microbiota intestinal em resposta a mudanças na dieta e aumento da produção de acetato. O aumento de etilo teria desencadeando um ciclo de feedback positivo que impulsiona a obesidade e a resistência à insulina. Isso teria levado os animais a engordar quando se deparavam com alimentos calóricos em época de escassez de alimentos.

Essas alterações na microbiota intestinal estão associadas com obesidade e síndrome metabólica em humanos e ratos e o estudo mostra o mecanismo por trás do fenômeno biológico em ratos. O próximo passo é fazer estudos em humanos.

 

Referência:

Rachel J. Perry, Liang Peng, Natasha A. Barry, Gary W. Cline, Dongyan Zhang, Rebecca L. Cardone, Kitt Falk Petersen, Richard G. Kibbey, Andrew L. Goodman, Gerald I. Shulman. Acetato medeia um eixo de células-β cérebro microbioma para promover a síndroma metabólica. Nature, 2016; 534 (7606): 213 DOI: 10.1038 / nature18309

 

*Imagem Banco Bigstock

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