23 de agosto de 2016
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Obesidade grave é alto fator de risco para insuficiência cardíaca

Em um relatório publicado online, no final de julho, no Journal of the American Heart Association, uma equipe de pesquisadores de Johns Hopkins aponta que obesos graves são mais de duas vezes mais propensos a ter insuficiência cardíaca do que as pessoas com índice de massa corporal normal, mesmo após controle dos níveis de pressão arterial elevada, dislipidemia e diabetes. O mesmo não se verifica com o acidente vascular cerebral e doença cardía

Os pesquisadores advertem que seu estudo sugere uma ligação forte e independente entre a obesidade grave e insuficiência cardíaca, mas não determina definitivamente causa e efeito.

Os resultados sugerem que, embora o tratamento da hipertensão, diabetes e outras condições associadas com a obesidade posam ser suficientes para prevenir a doença cardíaca coronária e acidente vascular cerebral, esta abordagem pode não ser suficiente para evitar um aumento do risco da insuficiência cardíaca, para a qual a perda de peso pode ser a única ferramenta disponível. Em geral, existe uma taxa de mortalidade de 50 por cento para as pessoas com insuficiência cardíaca cinco anos após o diagnóstico.

Os pesquisadores sugerem que o peso corporal extra exerce uma demanda metabólica maior sobre o coração e que células de gordura no abdômen poderiam liberar moléculas tóxicas para as células do coração.

A obesidade aumenta a probabilidade de hipertensão arterial, dislipidemia e diabetes – todos  fatores de risco estabelecidos para doenças do coração e dos vasos sanguíneos. Tratar e controlar essas condições têm sido a estratégia para a redução do risco de doença cardiovascular. Mas o mesmo parece não se aplicar para a insuficiência cardíaca.

No estudo, foram analisados registros médicos de 13.730 participantes do Atherosclerosis Risk in Communities Study, com diferentes índices de massa corporal e sem doença cardíaca inicial. O grupo era composto por 63,8 por cento das mulheres e 16,9 por cento de afro-americanos. A idade média foi de 54 anos, e índice de massa corporal variou de 18 a 50. Todos foram acompanhados por 23 anos, período em que avaliaram-se as ligações entre índice de massa corporal e insuficiência cardíaca, doença cardíaca coronária ou acidente vascular cerebral.

Os registros também incluíram dados relativos à altura, ao peso dos participantes, e aos níveis de açúcar no sangue, colesterol e triglicerídeos, além de tabagismo, uso de álcool, profissões e níveis de exercício. Após o final do seguimento, em 2012, havia 2.235 casos registrados de insuficiência cardíaca, 1.653 casos de doença cardíaca coronária e 986 de AVC.

Na avaliação inicial, os investigadores de Johns Hopkins controlaram as diferenças para idade, sexo, raça, nível de educação, carreira, história de tabagismo, exercício e consumo de álcool. Obesidade grave foi associada a uma quase quatro vezes maior risco de insuficiência cardíaca e a um risco duas vezes maior para a doença cardíaca coronária e acidente vascular cerebral em comparação com as taxas para aqueles com um índice de massa corporal normal.

 

Em seguida, os cientistas controlaram outros fatores de risco para doença cardíaca, tais como diabetes, pressão arterial elevada, ou níveis elevados de colesterol e triglicérides. Após esse ajuste, a equipe não viu um aumento no risco de doença cardíaca coronária ou acidente vascular cerebral em pessoas com obesidade. No entanto, o aumento do risco de insuficiência cardíaca permaneceu. Para cada cinco pontos a mais no índice de massa corporal, havia um risco quase 30 por cento maior de desenvolver insuficiência cardíaca em todos os participantes.

Os pesquisadores alerta que “se os nossos dados forem confirmados, precisamos melhorar nossas estratégias de prevenção da insuficiência cardíaca nesta população".

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