Desde que anunciou pela primeira vez o Congresso Brasileiro Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, a endocrinologista gaúcha Jacqueline Rizzolli ouvia o pedido de associados para o evento não ser presencial. Nesta semana, ela confirmou: o CBOSM 2021 será de fato online, entre 23 e 25 de setembro. “E cada detalhe está sendo pensando para ser inesquecível, agora mais do que nunca”, diz, assumindo o desafio.
Nos anos 1990, ao se graduar pela então Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas (atual Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre), a doutora Jacqueline cogitou a Pediatria e chegou a atuar no Hospital da Criança Santo Antonio, referência no atendimento infantil no Rio Grande do Sul.
Mas, aí, ela resolveu prestar prova de residência em Clínica Médica e Endocrinologia na PUC-RS e isso foi bem na época em que o Hospital São Lucas, dessa instituição — onde ela trabalha até hoje –, estava criando uma das equipes pioneiras no país para a realização de cirurgia bariátrica. A doutora Jacqueline logo foi convidada a integrar esse grupo.
“Isso foi entre 1999 e 2000”, lembra a endocrinologista. A jovem médica na ocasião se encantou com a ideia de desbravar uma área nova, pela qual acabou se apaixonando. “Não me arrependo, mas foi uma causalidade. Eu nunca tinha imaginado isso até o convite”, diz ela, atualmente considerada uma das principais especialistas brasileiras no acompanhamento de pacientes que foram submetidos ao tratamento cirúrgico da obesidade.
Foi uma surpresa tão grande quanto esse convite do passado, ela garante, quando foi chamada para ser presidente do CBOSM 2021. “A honra é enorme e a cobrança, também. Mas eu me sinto como se tivesse, nesses mais de vinte anos de trajetória, me preparado para esse momento”, conta. E, a seguir, ela explica o que esperar de boas mudanças para o evento online.
Abeso — Apesar da mudança, a comissão organizadora do CBOSM 2021 parece bastante animada. Por quê?
Dra Jacqueline Rizzolli — A gente já imaginava, com as novas ondas da pandemia, que isso poderia acontecer, mas adiamos a decisão na esperança de que as coisas melhorassem. Claro, em um primeiro momento bate certa frustração, já que eu estava ansiosa para receber todos os colegas em Gramado, no meu estado. Mas hoje, acreditem, tenho clareza de que foi uma resolução muito acertada. E não digo apenas pelas questões da segurança de todos os participantes em relação à covid-19, que são de inegável importância, mas pelo evento em si. No final, ele ficará ainda melhor.
Abeso — Como assim?
Dra Jacqueline Rizzolli — De um lado, vamos poder ter um número maior de congressistas, que sempre foi o nosso desejo, uma vez que o grande objetivo é disseminar ao máximo o que existe de mais novo no conhecimento científico em obesidade. E o fato é que antes existia uma limitação de participantes. Explico: o próprio centro de convenções onde aconteceria o evento precisaria impor uma série de restrições para evitar a transmissão da covid-19. Elas incluíam a diminuição da quantidade de indivíduos circulando pelo lugar. De outro lado, nem todas as pessoas estão conseguindo viajar em 2021, por razões diversas. Então, o evento online consegue beneficiar principalmente aqueles profissionais de saúde de lugares mais distantes do Sul, que talvez não conseguissem se deslocar para participar. Por falar nisso, pelo fato de não ser mais presencial, conseguimos um número maior de convidados internacionais também. Este é mais um ponto sobre o qual vale chamar a atenção.
Abeso — Qual seria o seu principal foco ao pensar no congresso?
Dra Jacqueline Rizzolli — O nosso maior objetivo é criar um evento com temas interessantes para pessoas de várias áreas, como nutrição, psicologia, educação física, fisioterapia, as diversas especialidades médicas e outras. A obesidade é uma doença que exige abordagem multidisciplinar e a programação do congresso, portanto, precisa ser revelante para todos os profissionais envolvidos com o diagnóstico e o acompanhamento de quem está acima do peso.
Abeso — Se tivesse que destacar três temas na programação, quais seriam?
Dra Jacqueline Rizzolli — É difícil… Um dos temas mais atraentes e de que eu particularmente gosto muito é o tratamento da obesidade para melhorar quadros de diabetes e de outras doenças crônicas. Vamos trazer o que existe de evidência a respeito do impacto da redução de peso nesses pacientes e como deve ser a mudança do estilo de vida nesses casos.
Também acho muito interessante abordar os elos entre obesidade e problemas psicológicos ou até mesmo psiquiátricos, como transtornos de humor, ansiedade e depressão. Ao mesmo tempo em que o excesso de peso, por razões diversas, pode afetar a saúde mental dos pacientes, nós sabemos que alguns medicamentos necessários para tratar esses casos podem levar ao ganho de peso. Daí a importância de o profissional que cuida da obesidade trabalhar lado a lado com o psiquiatra, por exemplo.
Por fim — já que posso destacar apenas três temas —, teremos muitas apresentações que, eu diria, serão fundamentais para quem quer se atualizar no panorama farmacológico, mostrando inclusive o que está sendo estudado para tratar a obesidade já em fase 2 ou em fase 3. Só posso destacar três, certo? Pena. A programação inteira está incrível.
Quer participar do CBOSM 2021? Então, visite o site do evento e faça já a sua inscrição!