07 de março de 2019
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Mecanismo genético poderia levar à baixa produção de leptina

Existem diferentes mecanismos causadores da obesidade em seres humanos. Uma das causas já bastante estudas ao longo dos últimos 25 anos, desde a sua descoberta, é a ação da leptina sobre o ganho de peso. Pessoas com obesidade, em sua maioria, tornam-se resistentes à ação da leptina. O mecanismo se dá em razão da grande quantidade de gordura, e o consequente aumento da produção de leptina pelas células de gordura, que acaba se acumulando no organismo, com grande circulação, levando o cérebro a resistir a sua ação.

Um novo estudo da Rockefeller University e colaboradores, publicado este mês na Nature Medicine, aponta que pelo menos 10% dos casos de obesidade poderia estar relacionado a um mecanismo genético da produção de leptina. Em camundongos, o estudo identificou que alterações na estrutura celular de regulação da produção de leptina podem levar a uma forma de obesidade tratável, baseada justamente em uma terapia com leptina. Evidências de estudos de genética humana sugerem ainda que um mecanismo semelhante pode contribuir para a obesidade em um subconjunto de pacientes.

Descoberta há 25 anos por um cientista do Rockefeller, Jeffrey M. Friedman, professor da Marilyn M. Simpson, a leptina tem sido objeto de muitos milhares de estudos que exploram sua estrutura e função. Os cientistas dizem que, embora já se tenha aprendido muito sobre o hormônio, mas ainda não há uma compreensão sobre a biologia básica que regula o gene da leptina.

O gene que codifica o hormônio leptina é regulado por sequências adjacentes de DNA e fatores reguladores que ativam o gene nas células adiposas, e que também controla a quantidade de leptina que está sendo produzida. Ao explorarem esse processo, os pesquisadores se concentraram em um desses fatores regulatórios, chamado de RNA não codificador longo, ou lncRNA, que eles identificaram em conjunto com colegas da Universidade da Pensilvânia.

Quando os pesquisadores projetaram camundongos sem esse lncRNA específico e os alimentaram com uma dieta rica em gordura, os camundongos ficaram obesos, mas suas células adiposas produziram quantidades significativamente menores de leptina. Esta descoberta incomum sugeriu aos cientistas que o gene da leptina não poderia expressar os níveis normais do hormônio sem o lncRNA para ajudá-lo. Em comparação, um grupo de ratos controle inalterados alimentados com a mesma dieta ganharam peso e produziram a quantidade esperada de leptina.

Além disso, quando esses camundongos de baixa leptina eram tratados com injeções de leptina, eles perdiam peso – em outras palavras, o hormônio essencialmente os curava. E isso, dizem os pesquisadores, levanta a excitante possibilidade de que alguns humanos, cuja obesidade é causada por uma anomalia genética semelhante, também possam perder peso com a terapia de leptina. Lembrando que uma forma farmacêutica da leptina foi aprovada pela Food and Drug Administration dos EUA em 2014.

O fato de que pode haver pessoas com obesidade com tais mutações relacionadas à produção de leptina foi sugerido pela análise de dados de um grande estudo, conhecido como estudo de associação genômica ampla (GWAS), que incluiu perfis genéticos completos de mais de 46.000 pessoas. Juntamente com os colaboradores da Escola de Medicina Mount Sinai, a equipe da Rockefeller descobriu que pessoas com alterações na versão humana do lncRNA tinham níveis mais baixos de leptina.

O número de pessoas com obesidade cuja doença pode ser o resultado da desregulação do gene da leptina não é conhecido, mas há razões para acreditar que isso poderia contribuir para até 10% de todos os casos de obesidade. E esses estudos clínicos iniciais mostram que pessoas com obesidade com baixos níveis de leptina de fato perdem uma quantidade significativa de peso quando tratados com leptina.

Imagem: World Obesity Image Bank

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