30 de janeiro de 2018
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Mais um estudo considera como o ambiente pode afetar o desenvolvimento da obesidade

Na publicação de ontem, falamos sobre a influência do ambiente no desenvolvimento da obesidade, a partir de uma pesquisa realizada com militares nos EUA. Uma outra pesquisa, realizada no Reino Unido, mostra que o tipo de bairro em que você vive prevê a probabilidade de ter obesidade.

O objetivo foi investigar as características de um ambiente "obesogênico" – um ambiente que encoraja o aumento de peso – especificamente, os fatores combinados de fácil acesso aos alimentos e disponibilidade de lugares para prática de exercício físico.

Para o estudo, foram divididas as áreas residenciais de Yorkshire em cinco tipos, com base no número de estabelecimentos alimentares e oportunidades de atividade física: saturados; disponibilidade moderada; baixa disponibilidade; atividade física moderada, comida limitada; e atividade física moderada, ampla oferta de alimento.

A análise mostrou que apenas dois tipos de vizinhança foram associados (negativamente e positivamente) à obesidade. Os bairros saturados, caracterizados por uma alta disponibilidade de estabelecimentos de fast food, lojas de conveniência e supermercados, bem como uma alta disponibilidade de academias e parques, foram associados com 14% menor risco de obesidade. Enquanto os bairros de disponibilidade moderada – aqueles caracterizados por um número moderado de estabelecimentos e locais de exercício – estavam associados a um risco maior de obesidade de 18%.

Os bairros saturados possuem características que são tanto de promoção da obesidade quanto de restrição. Eles têm uma alta densidade de estabelecimentos de fast-food, mas também uma alta densidade de lugares para exercitar-se. “O menor risco de obesidade nesses bairros pode ser explicado pela densidade populacional. Os bairros saturados eram predominantemente urbanos e densamente povoados”, destaca em um artigo um dos autores do estudo, Matthew Hobbs, da Beckett University. 

Hobbs lembra um estudo anterior, realizado com 419 mil adultos do Reino Unido em 22 cidades, que mostrou que as áreas urbanas densamente povoadas estão associadas a um menor risco de obesidade e as áreas com população moderada estão associadas a um maior risco de obesidade.

Uma das explicações seria de que as pessoas que vivem nos subúrbios moderadamente povoados – a chamada expansão suburbana – podem ser mais propensas a usar o carro para suas atividades cotidianas; ao contrário das pessoas que vivem na região central, onde tudo é muito mais acessível a pé ou de transporte público. o aumento na caminhada poderia explicar, em parte, as menores taxas de obesidade em áreas densamente povoadas.

Outros pontos que o pesquisador destaca é que pode haver fatores que explicam o vínculo entre a disponibilidade moderada de instalações de exercício e maiores taxas de obesidade, como a segurança pública. “Em nosso estudo, não capturamos a qualidade dos espaços públicos que poderiam ser utilizados para o exercício. Viver perto de um parque pode oferecer oportunidades para correr ou levar um cachorro para passear, mas se as pessoas se sentem inseguras nesses espaços, podem evitá-los”, salienta.

O nono plano diretor de Londres, apresentado pelo prefeito Sadiq Khan, regula a disponibilidade de lojas de fast food em algumas áreas, especialmente próximas a unidades escolares, como forma de reduzir os níveis de obesidade. Para Hobbs, a solução não é assim tão simples. A proposta da prefeitura de Londres não considera outras influências ambientais, na visão dele. “Em áreas onde o número de estabelecimentos de fast food é restrito pelo conselho local, as pessoas ainda poderão comprar alimentos insalubres em lojas de conveniência ou supermercados. Além disso, restringir as lojas de fast food não altera em nada a disponibilidade – ou qualidade – de lugares para a prática de atividade física.

Embora o estudo não discorde do vínculo entre fast food e obesidade, destaca a natureza multidimensional e nuances dos bairros obesogênicos. “É preciso ir além de regular os estabelecimentos de fast food e considerar outros aspectos dos bairros em que vivemos. Isso ajudará a fornecer ambientes mais saudáveis”, conclui.

O estudo >>> aqui!

 

Imagem >> Pixabay

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