09 de maio de 2018
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Histórico familiar pode influenciar o início e a gravidade da obesidade infantil

Estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Messina, na Itália, verificou que o histórico familiar de obesidade e de doenças cardiometabólicas são importantes fatores de risco para o início precoce da obesidade na infância e estão relacionados à gravidade da obesidade.

Em Does Family History of Obesity, Cardiovascular, and Metabolic Diseases Influence Onset and Severity of Childhood Obesity?, publicado na Frontiers in Endocrinology, foram observadas 260 crianças (139 do sexo feminino) com idades entre 2,4 e 17,2 anos, com sobrepeso e obesidade.

As crianças foram encaminhados por seus pediatras para o Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica da Universidade de Messina, no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2013. Análise de dados foi realizada de forma retrospectiva e completamente anônima.

O objetivo foi avaliar o perfil metabólico e o risco cardiometabólico nas crianças que já apresentavam sobrepeso ou obesidade na primeira avaliação, visto que crianças obesas têm maior risco de desenvolver hipertensão arterial, dislipidemia, intolerância à glicose, diabetes mellitus tipo 2 e aterosclerose precoce.

Os participantes foram divididos de acordo com a gravidade do excesso de peso e idade, para então serem investigados sobre a relação entre história familiar para obesidade e sua gravidade e doenças cardiometabólicas.

Isso porque, diversos fatores metabólicos e inflamatórios estão envolvidos na patogênese do risco cardiovascular e metabólico em indivíduos obesos, entretanto, poucos trabalhos avaliaram esses parâmetros em crianças.

 

Os participantes e suas avaliações

Para participar do estudo, além da obesidade ou sobrepeso, as crianças deveriam ter entre 2 e 18 anos, ser nascidos saudáveis e com pressão arterial dentro da faixa normal corrigida para a idade. Os critérios de exclusão foram causas genéticas e endocrinológicas da obesidade, nascidas pré-termo ou pós-termo, diagnóstico de doenças crônicas e tabagismo.

A idade média dos participantes do estudo foi de 9,2 ± 2,9 anos. Foram 139 (53,4%) participantes do sexo feminino, e 161 (61,9%) pré-púberes. O histórico familiar para obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemia e doença coronariana em pais, irmãos e avós foi verificado em 196 indivíduos (75,4%).

Foram coletadas informações dos pais, irmãos e avós com relação a obesidade, doenças cardiovasculares e metabólicas, realizadas medições para verificar o crescimento e exames clínico e de sangue em jejum para o perfil metabólico.

Resultados

A obesidade foi negativamente correlacionada com a idade cronológica e significativamente maior no grupo de crianças menores de 8 anos, mas positivamente associada à histórico familiar. Pacientes com obesidade mais grave eram mais jovens, principalmente pré-púberes, e apresentaram avaliação da homeostase de resistência à insulina (HOMA-IR) significativamente maior, com prevalência significativamente maior de histórico familiar para hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e doença coronariana comparados às crianças do outro grupo.

Os resultados mostraram que, se pais, irmãos e avós sofriam de doenças cardiovasculares e metabólicas, incluindo pressão alta, altos níveis de lipídios no sangue, diabetes tipo 2 e doença cardíaca coronariana, isso também aumentava a probabilidade do início precoce e gravidade da obesidade nas crianças.

Além disso, a equipe descobriu que a obesidade severa foi mais prevalente entre as crianças mais novas, com menos de 8 anos de idade. Para o autor principal, Dr. Domenico Corica, se esta obesidade persistir, com o tempo essas crianças terão maior risco de desenvolver complicações cardiovasculares e metabólicas na idade adulta.

Ainda segundo o Dr. Corica, as crianças com obesidade severa, mesmo as muito jovens, já apresentavam resistência à insulina. Esse é um achado muito importante, que enfatiza a necessidade de programas de cuidados e intervenção precoce envolvendo profissionais de saúde, as escolas e órgãos governamentais, para agir com o objetivo de modificar o estilo de vida, trazendo para estas crianças informações sobre hábitos alimentares, atividade física e os riscos do excesso de tempo em frente à televisão ou conectados à internet.

Com estes resultados, torna-se ainda mais importante verificar o histórico familiar de obesidade e doenças cardiometabólicas como fator de risco para início precoce da obesidade na infância, relacionado, inclusive, à gravidade do quadro. O perfil metabólico, especialmente o HOMA-IR, também mostrou-se influenciado, mesmo entre as crianças mais jovens, já obesas na primeira avaliação.

 

 

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