24 de abril de 2018
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É possível reverter os efeitos da obesidade associados ao câncer?

Assim como a exposição excessiva ao sol ou o consumo de álcool, a obesidade é também um fator de risco para diversos tipos de câncer. Pesquisadores da University of North Carolina (UNC) Lineberger Comprehensive Cancer Center estão trabalhando em busca de uma solução. O objetivo é reverter as alterações biológicas ligadas à obesidade que estão associados ao desenvolvimento do câncer.

Para o Dr. Stephen Hursting, PhD da UNC Lineberg, haviam duas questões principais a ser estudadas: se a obesidade está aumentando o risco de câncer e quais os mecanismos que ligam a obesidade ao câncer.

O especialista afirma que o estudo Breaking the obesity-cancer link: Nutritional modulation of inflammation and epigenetic reprogramming já respondeu em grande parte à primeira pergunta, e os pesquisadores ainda trabalham na segunda questão. Agora, o foco é: o que vamos fazer sobre isso?

Em descobertas preliminares, apresentadas recentemente no Encontro Anual da American Association for Cancer Research, pesquisadores do laboratório do Dr. Hursting relataram uma série de estudos examinando possíveis maneiras de reverter as mudanças biológicas associadas à obesidade. Para ele, no geral, a solução para o problema parece um pouco mais complexa do que simplesmente perder peso.

Esta conclusão veio a partir da identificação de diversos mecanismos, como alterações epigenéticas, metabólicas e inflamatórias desencadeados pela obesidade, mas que parecem persistentes mesmo após a perda de peso.

 

Perda de peso e os efeitos da obesidade crônica

Um estudo pré-clínico da Dra. Laura Bowers, PhD, pesquisadora associada do laboratório do Dr. Hursting, avaliou o crescimento de um tipo agressivo de câncer de mama em camundongos que foram obesos a maior parte de suas vidas. Após fazer com que perdessem peso através dietas reduzidas em calorias, comparou os resultados a ratos que nunca foram obesos. O estudo revelou que retornar a um peso normal por meio de uma dieta com baixo teor de gordura não reverteu totalmente os efeitos pró-câncer da obesidade crônica, mas a perda de peso por meio de dietas de calorias reduzidas foi muito mais efetiva, interrompendo a relação entre obesidade e câncer de mama.

Com estes resultados, os pesquisadores acreditam que além da perda de peso e da velocidade com que isso acontece, o tipo de restrições impostas à dieta e também a cirurgia bariátrica podem tornar mais efetivo o efeito de reverter totalmente algumas alterações que acompanham a obesidade crônica.

 

Restrição calórica e câncer

Outro estudo pré-clínico, apresentado no encontro da American Association for Cancer Research pela estudante Magdalena Rainey, mostrou que restringir o consumo de calorias também poderia reduzir a atividade de uma proteína chamada p21 em células de câncer de mama. Em certas condições, esta proteína pode evitar que as células do câncer de mama cresçam descontroladamente e também a morte celular

O câncer de pâncreas foi outro ponto de pesquisa, visto que a obesidade é um dos poucos fatores de risco estabelecidos, até hoje, para a doença. Assim, os pesquisadores partiram do metabolismo energético para atacar o problemaavaliando a existência de uma proteína reguladora da autofagia no câncer de pâncreas. Este processo metabólico ajuda as células cancerosas a sobreviver sob estresse. O resultado foram mudanças marcantes no metabolismo das células com a perda de peso, que ajudaram a reduzir o crescimento das células no adenocarcinoma pancreático.

Por fim, foi analisado o impacto tanto da restrição de calorias para tumores de câncer pancreático quanto do bloqueio da autofagia. Novamente, os resultados foram animadores. Ao reduzir as calorias para retardar o crescimento e, em seguida, promover o bloqueio da autofagia, como forma de cortar as fontes de combustível das células, verificaram que os efeitos supressores do crescimento da restrição calórica eram aumentados diante do bloqueio da autofagia por meio de um composto terapêutico.

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