24 de julho de 2020
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Covid-19 e obesidade: conhecendo o risco

Muito se fala sobre quais seriam e quais deixariam de ser os fatores de risco para a covid-19. Pois recentemente essa história ficou mais clara com a publicação de dados do estudo OpenSAFELY, realizado a partir de uma colaboração entre o DataLab da Universidade de Oxford e a London Schooll of Hygiene and Tropical Medicine, na Inglaterra. Os pesquisadores examinaram os registros médicos de 17.278.392 adultos e 10.926 mortes provocadas pela infecção pelo Sars-CoV 2, o novo coronavírus.


O objetivo era esclarecer quais entre inúmeros fatores acusados de agravarem o risco de covid-19, muitas vezes sem tanta evidência, seriam realmente relevantes para apontar quem poderia ter quadros severos da doença e desfechos fatais.

Os objetivos do trabalho

Segundo os autores, ao longo da realização do estudo OpenSAFELY, eles se preocuparam em encontrar respostas para algumas questões cruciais tanto para a determinação de protocolos clínicos quanto para o estabelecimento de políticas públicas para o enfrentamento da pandemia. São elas:

  1. No momento da admissão no hospital, como reconhecer quem tem maior probabilidade de precisar de ventilação mecânica ou morrer?
    Os cientistas partiram da premissa de que poderiam existir condições médicas pré-existentes capazes de aumentar o risco de complicações no curso da covid-19 e que ainda não teriam sido identificadas.
  2. Ter informações para embasando algumas hipóteses envolvendo o tratamento: por exemplo, quais os possíveis benefícios de medicamentos que estão sendo usados off-label ou quais efeitos adversos de determinadas medicações em grupos específicos de pacientes, como os hipertensos ou os diabéticos?
  3. Algumas doenças podem não apenas deixar o paciente mais vulnerável à covid-19, como elas próprias se agravarem perigosamente durante a convalescência dessa infecção respiratória. Portanto, uma boa questão é: daria para medir e posteriormente mitigar o impacto da covid-19 em outras doenças, como o câncer?
  4. Qual seria o efeito de intervenções de políticas públicas, como estender o isolamento social para grupos específicos de pacientes? Isso ajudaria?

Em uma outra etapa

Depois de identificar, em uma primeira fase de análises — esta que foi publicada agora —, quais seriam as pessoas com maior probabilidade de quadros graves e de morte, os cientistas estão empenhados em descobrir que tratamentos poderiam aumentar ou diminuir esse risco.

Finalmente, conhecer os fatores de risco são um caminho para criar modelos que tentem predizer como a doença poderá continuar se espalhando.

Obesidade e diabetes

De acordo com o estudo, a idade é de longe o maior fator de risco. Quem está acima dos 60 anos tem 2,8 vezes mais probabilidade de desenvolver quadros severos da infecção pelo novo coronavírus.

Em relação à obesidade, quanto maior o IMC, maior parece ser a ameaça de o quadro de covid-19 se complicar. Quem tem um IMC entre 30 e 35 kg/m2 apresenta um risco 1,4 vez maior, enquanto indivíduos com IMC entre 35 e 40 kg/m2 têm 1,8 vez mais risco.

Um IMC maior de 40 kg/m2, aí sim, praticamente empata com o fator idade, porque o risco passa ser 2,6 vezes maior. Vale observar, porém, que a obesidade foi menos encontrada em pessoas mais velhas que foram incluídas nessa conta. Portanto, talvez se fizessem um corte só dos pacientes mais jovens, o excesso de peso seria um fator de risco com um impacto ainda mais importante.

Outra observação: se existe uma relação que chega a ser um gradiente entre o peso e a covid-19, isso significa que orientar os pacientes para a prática rotineira de atividade física e para a adoção de uma alimentação mais equilibrada, ainda que ele perca poucos quilos, já diminuirá o risco apontado no estudo. Daí que, com um olhar mais positivo, esse pode ser um argumento para a adesão ao tratamento. Não é preciso necessariamente se tornar uma pessoa com IMC normal para ver o risco cair.

O estudo também apontou com maior precisão o risco no diabetes. Ele é 1,5 maior quando a doença está bem controlada, mas passa a ser 2, 2 vezes maior quando não há o devido controle da glicemia. Outra vez, temos aqui a oportunidade de mostrar aos pacientes como cuidados simples, aqueles que preconizamos desde sempre em prol da saúde — no caso, atividade física, dieta equilibrada, contagem de carboidratos, medições frequentes da glicemia, uso correto de insulina e de outras medicações —, podem fazer total diferença. A pandemia deve ser encarada como um convite para todos reverem hábitos e se cuidarem mais.

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