06 de abril de 2016
  • compartilhar:

Combinação de terapias no tratamento da obesidade e diabetes

Recente estudo realizado no Reino Unido mostra que a combinação do uso de um dispositivo intestinal de desvio com a administração de liraglutida tem ação melhor na perda de peso e no diabetes em comparação com o uso de uma das terapêuticas isoladamente.

Os resultados foram apresentados em um trabalho que foi exposto no último sábado (2), no ENDO 2016, reunião anual da Endocrine Society, em Boston.

"Esta é a primeira pesquisa que estuda a combinação de um fármaco agonista do receptor de GLP-1 e o dispositivo intestinal EndoBarrier. A combinação parece resultar em maiores melhorias em ambos," afirmou Piya Sen Gupta, um dos pesquisadores do Kings College Hospital de Londres e do Hospital Birmingham, no Reino Unido. Segundo ele, esse dispositivo seria menos invasivo do que a cirurgia, alcançando nível semelhante de desvio, e tem como vantagem o fato de poder ser inserido por meio de procedimento endoscópico ambulatorial rápido e simples, o que faz com que os pacientes aceitem melhor o tratamento. O dispositivo fica por um ano e ajuda a mudar o comportamento alimentar, de acordo com especialistas.

Foram recrutados 70 pacientes que tinham dificuldade em controlar o diabetes tipo 2 e eram obesos, apesar de já estarem submetidos ao tratamento com liraglutida. Em média, o índice de massa corporal estava em torno de 41 kg/m2.

Os investigadores distribuíram aleatoriamente os participantes em três grupos: 24 pacientes receberam o dispositivo e a liraglutida; 24 receberam apenas o dispositivo; e 22 receberam apenas liraglutida.

Nas primeiras duas semanas, todos os pacientes estavam na mesma dieta e receberam as mesmas informações dietéticas. Todos os participantes que receberam o EndoBarrier ficaram com ele implantado até um ano, e foram avaliados a cada três meses. Entre os 70 pacientes, os resultados de um ano mostram que o grupo que recebeu o dispositivo mais o liraglutida e o grupo que recebeu apenas o dispositivo perdeu mais peso do que no grupo do liraglutida (12,8kg, 12,5kg e 4kg, respectivamente).

Os pacientes que receberam ambos os tratamentos tiveram a melhor e mais rápida melhora no diabetes (queda da hemoglobina glicada [Hb1Ac] de 2,1%, 1,5% e 1,2%, respectivamente), apesar da redução de outros medicamentos para diabetes. O dispositivo foi considerado seguro, e a terapia a combinação com liraglutida foi bem tolerada.

Todos os eventos adversos graves relacionados com o dispositivo, nos pacientes tratados com EndoBarrier, incluindo hemorragia gastrointestinal, obstrução, complicações na remoção e abscesso hepático foram resolvidos após a remoção do dispositivo. Mas a diretora da Abeso, a endocrinologista Maria Edna de Melo, faz um alerta: “As complicações associadas ao EndoBarrier, embora possam ser reversíveis, podem evoluir para quadros extremamente graves. Assim, é importante aguardar por dispositivos que apresentem um nível de segurança maior”.

Para o pesquisador, “esta é uma área interessante de pesquisa”, já que é menos invasiva do que as cirurgias bariátricas, reversível e produz efeitos semelhantes, “especialmente se resultar em modificação sustentada do comportamento alimentar".

veja também

assine nossa newsletter

    nome

    e-mail

    Você aceita as diretrizes desta newsletter

    x

    Aviso de Privacidade - Utilizamos cookies para melhorar a sua navegação e garantir a melhor experiência em nosso site em nosso site. Ao continuar navegando ou ao clicar no botão “ACEITO”, consideramos que você está de acordo com a nossa Política de Privacidade.

    ACEITO