17 de julho de 2018
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União Europeia realiza mapeamento detalhado da obesidade na infância

O sobrepeso e a obesidade são um desafio para crianças e adolescentes em todo o mundo, incluindo a União Europeia (UE). Os preocupantes números observados na União Europeia e em seus países separadamente, já em 2014, fizeram com que fosse lançado um Plano de Ação da UE para a Obesidade Infantil, promovido pelo The Joint Research Centre (JRC), o serviço de ciência e educação da União Europeia.

De lá para cá, diversas medidas vêm sendo tomadas na tentativa de reduzir o problema. Uma delas é o recém lançado relatório Mapping and zooming in on childhood obesity – Socio-economic regional microscope series, que apresenta a escala de sobrepeso e obesidade entre as crianças nos países membros da UE. No documento, informações ilustradas através de mapas destacam e revelam a importância de mostrar diversos aspectos de forma isolada.

Segundo os pesquisadores, a análise de dados realizada nacionalmente pode ser útil para obter uma visão global, no entanto, pode limitar e retardar a compreensão das diferenças entre regiões e cidades, bem como impossibilitar a identificação de tendências em determinados indicadores socioeconômicos. Somente uma análise detalhada de dados locais e regionais pode trazer essas ideias mais claramente, identificando diferentes variações entre os países.

Assim, o JRC da Comissão Europeia seguirá desenvolvendo novas publicações periódicas para integrar o Socio-economic regional microscope, analisando e apresentando resultados a partir de dados socioeconômicos regionais. Depois de mapear a obesidade entre crianças em idade escolar, outros indicadores serão investigados, de acordo com a combinação de três elementos-chave: dados, mapas e descrição. Entrarão nas investigações aspectos das áreas de cultura, economia, educação, energia, cuidados de saúde, investigação e inovação, turismo, etc.

Os relatórios, dados e mapas estarão disponíveis no site do JRC.

 

O que está por trás do sobrepeso e obesidade na infância?

O sobrepeso e a obesidade estão associados aos hábitos alimentares e de bebida, à inatividade física e ao comportamento sedentário.

Há também fatores socioeconômicos e ambientais menos óbvios, mas igualmente importantes, por trás da epidemia da obesidade. Estes, incluem planejamento urbano, infraestrutura de vizinhança, possibilidades de deslocamento ativo, como a pé ou de bicicleta, exposição à comercialização de alimentos ricos em gordura, açúcar e sal, políticas de alimentação escolar e educação nutricional, ocupação dos pais e muitos outros.

Um olhar mais atento a dados regionais pode ajudar a elucidar alguns fatores específicos que estejam impedindo que as crianças atinjam sua melhor saúde nessas regiões. Muitas vezes, porém, as diferenças observadas nacionalmente poderão estar presentes regionalmente.

Ao observar as taxas atuais de excesso de peso e obesidade entre crianças e adolescentes na Europa, há países em que as taxas chegam a 39%, como na Grécia, ou 38% em Malta. A variação entre países é considerável, com as taxas mais baixas vistas em cerca de 13 a 15% dos meninos irlandeses, dinamarqueses e holandeses.

 

Vila Nova de Gaia

Um dos destaques do relatório é o estudo detalhado realizado em Vila Nova de Gaia, município situado no norte de Portugal, para destacar um bom exemplo de uso de dados locais para definir uma solução adaptada à realidade local.

Regionalmente, a prevalência de sobrepeso e obesidade infantil em Portugal conta com grande variação, que vai de 21% a 34% (Dados de 2016, crianças de seis a oito anos de idade). Ampliando, essas variações e diferenças entre regiões também existem dentro dos municípios.

O município de Vila Nova de Gaia há vários anos vem sendo monitorado por meio de avaliações entre todas as crianças que frequentam escolas públicas, da educação infantil ao fundamental 1, incluindo medidas corporais de todos os alunos. Os dados permitem um conhecimento profundo desta população. Estas análises também identificam possíveis razões subjacentes para as diferenças no peso corporal e como devem ser abordadas.

Com a análise destes dados e o conhecimento e entendimento que vieram a partir deles, foram implementadas medidas específicas para promover a saúde das crianças no município. Hoje, todas as crianças que frequentam escolas públicas recebem café da manhã e lanches matinais, cuidadosamente preparados de acordo com critérios de saúde específicos para a faixa etária.

Os relatórios do município apontam que estas medidas eliminaram o consumo de produtos nutricionalmente mais pobres e calóricos dentro das escolas. A avaliação contínua do estado de saúde destas crianças revelarão, em breve, o nível de eficácia desta medida.

O exemplo de Gaia mostra o poder dos dados coletados em nível local, que devem ser usados ​​para políticas baseadas em evidências personalizadas. Intervenções elaboradas a partir dos dados locais são muito mais eficientes e possibilitam uma objetividade nas ações dificilmente alcançável em nível nacional.

 

Conclusão

Os dados coletados em nível local são uma poderosa fonte de conhecimento que pode e deve ser usada para ações e políticas públicas de prevenção e combate à obesidade, de maneira personalizada, embasadas em evidências.

Há espaço e necessidade de aprofundar a coleta de dados relevantes para a saúde das crianças e para o combate à obesidade infantil, de modo a torná-los mais acessíveis e utilizáveis. Isso beneficiará os tomadores de decisão em todos os níveis, desde profissionais de saúde pública, pesquisadores e órgãos governamentais. E o mais importante, beneficiará a saúde de crianças e adolescentes de diversas regiões.

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