28 de fevereiro de 2018
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Via de parto pode influenciar chances de obesidade infantil, diz estudo

Uma combinação de sobrepeso da mãe, via de parto e formação da microbiota intestinal podem aumentar em até cinco vezes as chances de sobrepeso e obesidade na infância

 

Estudo realizado pela Universidade Alberta, em Edmonton, no Canadá, encontrou relação entre a via de parto e o aumento risco de obesidade em crianças. Publicado no JAMA Pediatrics em 19 de fevereiro, o estudo descobriu que, além do fato de mulheres com sobrepeso e obesidade terem mais chances de dar à luz a crianças que apresentarão excesso de peso ou obesidade aos três anos de idade, a via de parto e a microbiota intestinal infantil também podem estar relacionadas. 

De acordo com os pesquisadores, mulheres com excesso de peso que têm partos normais dão à luz a crianças com três vezes mais chances de apresentarem excesso de peso que os filhos de mães com peso adequado. No entanto, nos casos de cesáreas, as chances de gerar crianças que terão excesso de peso é cinco vezes maior.

O grupo de bactérias presentes no intestino infantil, e especialmente a maior abundância da bactéria do tipo Lachnospiraceae – relacionada a processo inflamatório do organismo, que promove aumento de peso -, também mostraram estar associados ao aumento das chances de sobrepeso e obesidade. 

Parto cesáreo x normal

Estudos apontam na direção de que o sobrepeso ou obesidade da mãe é um forte fator de risco para o excesso de peso infantil. Pouco se sabe, até hoje, sobre a relação da via de parto ou da microbiota no intestino infantil para o excesso de peso na infância. 

No estudo, os pesquisadores procuraram investigar essas associações por meio de um estudo observacional de 935 mães e lactentes nascidos a termo entre 1º de janeiro de 2009 e 31 de dezembro de 2012. 

Além do IMC materno antes da gravidez, foram incluídas no estudo informações sobre a microbiota do intestino infantil. Por meio de técnicas de sequenciamento de DNA, realizadas nos laboratórios da Universidade de Toronto, foram obtidas informações sobre os tipos e quantidade de bactérias presentes nas fezes dos bebês. As análises estatísticas foram realizadas de 29 de janeiro a 15 de junho de 2017.

Entre as mães, com idade média de 32,5 anos, 382 (40,9%) tinham excesso de peso, enquanto que nas crianças foi observado excesso de peso em 69 (7,5%) delas após 1 ano de vida, e em 90 (10,4%) aos 3 anos. 

Os pesquisadores observaram que os nascimentos por meio de cesárea, bem como particularidades da microbiota intestinal infantil, como a maior abundância de espécies de Firmicutes, especialmente da família Lachnospiraceae, aumentam ainda mais as chances de sobrepeso ou obesidade nos filhos de mulheres com IMC igual ou superior a 25. Também puderam perceber que os gêneros de Lachnospiraceae diferiram entre os bebês nascidos por parto normal e cesarianas.

Como o excesso de peso também pode dificultar o parto vaginal, levando muitas mulheres à necessidade de uma cesária, os pesquisadores alertam para que sejam reforçadas as medidas para a redução do peso materno não apenas antes, mas também durante a gravidez, por meio de orientação para alimentação equilibrada e prática de atividade física. 

O objetivo dessas recomendações é aumentar o número de partos normais, bem como incentivar o aleitamento materno, que é outra medida importante para evitar que bebês se tornem crianças com sobrepeso e obesidade.

Quanto à questão da microbiota, o estudo identificou diferentes espécies de Lachnospiraceae que podem estar envolvidas com o excesso de peso, mas a recomendação de probióticos não é, por enquanto, uma solução para essas mães, explicam os pesquisadores. “Mas quem sabe, no futuro, uma abordagem mais personalizada poderá ser desenvolvida com esse objetivo”, consideram. 

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