02 de agosto de 2017
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Exposição de adolescentes à violência pode levar à obesidade

Estudo realizado por pesquisadores da Duke University, nos Estados Unidos, verificou que adolescentes, quando expostos à violência, tendem a consumir alimentos e bebidas menos saudáveis, sofrendo também fadiga por falta de sono no dia seguinte.

Esse comportamentos, e especialmente o aumento do consumo de refrigerantes nestas ocasiões, são importantes fatores de risco para o ganho de peso e obesidade.

O estudo “Violence exposure and adolescents’ same-day obesogenic behaviors: New findings and a replication”, publicado na edição on-line na revista Social Science & Medicine, é um dos pioneiros a examinar a possível relação entre a violência diária e a obesidade.

De acordo com os pesquisadores, estas descobertas podem ser úteis no auxílio ao enfrentamento dos altos níveis de obesidade e as disparidades de saúde entre crianças nos Estados Unidos.

O fato, é especialmente importante ao verificarmos que mais de 20% dos adolescentes dos Estados Unidos são classificados atualmente como obesos.

As taxas de obesidade são mais elevadas entre os indivíduos de baixa renda, de origem hispânica ou afro-americanos, com idades entre 12 e 19 anos.

Estudo miLife

Para o estudo, os pesquisadores coletaram dados  do estudo miLife, selecionando um grupo de 151 adolescentes de 12 a 15 anos de idade, de baixa renda, em situação de risco na Califórnia.

O estudo miLife registrou as experiências, emoções e comportamento de jovens adolescentes ao longo de seu dia a dia por meio de telefones celulares.

Os participantes do estudo responderam pesquisas através destes dispositivos três vezes ao dia, durante 30 dias. Além disso, informações detalhadas sobre experiências anteriores, relacionamentos, comportamento e estado de saúde foram coletadas através de uma avaliação prévia inicial. Um ano depois, todos os adolescentes foram reavaliados a fim de verificar mudanças em seu estado educacional e de saúde. O DNA destes jovens também foi coletado para testar se poderiam ser mais receptivos (ou reativos) ao estresse na vida diária.

Os pais dos jovens também participaram fornecendo informações sobre o comportamento, a personalidade e a vida de seus filhos. Forneceram informações detalhadas sobre histórico familiar de problemas de saúde mental e física, experiências com drogas e situação econômica e social da família. Também foram questionados em relação ao uso de novas tecnologias para monitorar as atividades e se comunicar com seus filhos.

miLife x RISE

Os dados obtidos no estudo miLife foram comparados aos de outro estudo, o RISE, realizado com mais de 500 alunos de escolas públicas da Carolina do Norte.

Estes adolescentes também haviam recebido celulares programados para realizar pesquisas, relatando informações sobre exposição à violência, consumo de fast food, refrigerantes e bebidas com cafeína, consumo de frutas e vegetais e atividade física. Registraram, ainda, suas horas de sono, qualidade do sono e cansaço.

Para avaliar a exposição à violência, as pesquisas questionaram os jovens participantes se haviam presenciado agressões físicas em casa, na escola, no bairro em que vivem ou em qualquer outro lugar por onde tivessem passado.

A reação dos jovens à violência

Os adolescentes da Califórnia relataram dietas menos saudáveis ​​nos dias em que presenciaram algum tipo de violência e sentiram-se mais cansados ​​nos dias seguintes. As escolhas não saudáveis ​​da dieta incluíram aumento do consumo de refrigerante, que é o maior preditor de ganho de peso no início da adolescência.

Na Carolina do Norte, os jovens também relataram mais cansaço após a exposição à violência, mas não foi verificada piora na qualidade dos alimentos consumidos nos dias subsequentes.

Um dado inesperado, que chamou a atenção dos pesquisadores, foi que ambos os grupos relataram aumento da atividade física nos dias em que foram expostos à violência. Os registros dos dispositivos móveis mostraram que os adolescentes andaram, em média, 1000 passos a mais nesses dias em comparação a outros dias.

Ao final do estudo, os pesquisadores fazem um alerta para o fato da adolescência precoce ser um período chave para o desenvolvimento de hábitos alimentares e estratégias para lidar com o estresse. E este fato torna-se ainda mais importante visto que muitas crianças, especialmente aquelas que crescem em bairros de baixa renda, convivem com a violência diariamente. 

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