25 de agosto de 2016
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Células de cordão umbilical: pistas para obesidade em filhos de mães obesas

Células umbilicais de filhos de mães obesas ou com sobrepeso mostram expressão prejudicada de genes-chaves que regulam a energia celular e o metabolismo, em comparação com células similares de bebês de mães não obesas.
 
Os cientistas sabem há muito tempo que as crianças nascidas de mulheres que são obesas mostram maiores riscos de obesidade, mas eles não entendiam completamente o que aumenta os riscos. Pesquisadores do Joslin Diabetes Center agora demonstraram que as células umbilicais de filhos de mães obesas ou com sobrepeso mostram expressão prejudicada de genes-chaves que regulam a energia celular e o metabolismo, em comparação com células similares de bebês de mães não obesas.
Tais resultados podem ajudar a traçar o caminho para a melhoria da saúde, tanto antes como depois do nascimento, para crianças em risco elevado de obesidade, dizem os cientistas, sobre o estudo publicado no International Journal of Obesity.
O presente estudo também sugere que o aumento dos riscos de obesidade pode ser acionado por certos níveis potencializados de lípidos (gorduras e outras substâncias que não são solúveis em água) no sangue materno, que flui por meio do cordão umbilical.
Suzana Maria Ramos Costa, MD, Ph.D. do Joslin e da Universidade Federal de Pernambuco, em Recife, é co-autora do estudo. Ela conta que a pesquisa teve início por meio da coleta de cordões umbilicais, após o nascimento, de mulheres brasileiras saudáveis , sem diabetes. Suzana recrutou 24 mulheres com sobrepeso ou obesas (com um índice de massa corporal superior a 25 antes da gravidez) e 13 mulheres que não estavam acima do peso para o estudo.
Os cientistas recolheram células a partir da veia umbilical que transporta o oxigênio e outros nutrientes a partir da placenta para o embrião.
A equipe descobriu que, nessas células, o aumento da obesidade nas mães correlacionado com menor expressão de genes que regulam a mitocôndria (que atuam como potência da célula) e de outros genes que regulam a produção e o metabolismo de lipídios.
"Isto sugere que já no momento do nascimento existem perturbações metabólicas detectáveis resultantes da obesidade materna", diz ela. Mudanças nessas células foram semelhantes a de pessoas com obesidade, resistência à insulina e diabetes tipo 2, ela acrescenta.
Quando os pesquisadores seguiram a análise de sangue fetal a partir da veia do cordão umbilical, descobriram que os filhos de mães obesas tinham níveis significativamente mais altos de muitos lipídios conhecidos por serem metabolicamente deletérios, como ácidos graxos saturados", contam os pesquisadores. Tecidos de gordura de mães obesas podem lançar ácidos graxos até o sangue fetal e criar uma espécie de "sobrecarga de combustível" para o embrião.
Os autores irão realizar mais pesquisas sobre células umbilicais e de sangue em recém-nascidos de Boston para ver se os resultados do estudo são confirmados nessa população. Eles também planejam análises semelhantes para as crianças nascidas de mães que têm ou diabetes gestacional ou diabetes tipo 1.
Além disso, estão examinando como tais exposições pré-natais podem incentivar certas células-tronco encontradas no cordão umbilical, que podem se diferenciar em vários tipos de tecidos, para ligar preferencialmente em células de gordura.
Os responsáveis pelo estudo esperam que, eventualmente, seja possível usar marcadores de sangue para identificar embriões com risco de obesidade ou doenças relacionadas, tais como diabetes tipo 2, para que tenham intervenções médicas adequadas.
 
Jornal de referência:
S M R Costa, E Isganaitis, T J Matthews, K Hughes, G Daher, J M Dreyfuss, G A P da Silva, M-E Patti. Maternal obesity programs mitochondrial and lipid metabolism gene expression in infant umbilical vein endothelial cells. International Journal of Obesity, 2016; DOI: 10.1038/ijo.2016.142

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