06 de julho de 2015
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Mutação genética em um único gene seria responsável pelo desenvolvimento de obesidade grave, diabetes tipo 2 em mulheres

De acordo com um estudo publicado semana passada no periódico PLoS One, foi identificado o gene cuja uma mutação desliga produção da enzima carboxipeptidase-E (CPE), levando ao desenvolvimento de obesidade grave e diabetes tipo 2 em mulheres. A mutação afeta o processamento de insulina e supressão do apetite, levando a problemas de deficiência intelectual e reprodutiva.

A descoberta sugere que "as condições herdadas podem ser muito mais comum do que têm sido previamente reconhecidas entre os indivíduos severamente obesos", afirma Alex Blakemore, PhD, do Imperial College de Londres, Reino Unido, que liderou o estudo. “As pessoas afetadas vão precisar de gestão ao longo da vida e acesso a serviços de aconselhamento genético”, acrescentou.

Os responsáveis pelo estudo alertam que as pessoas com obesidade grave devem considerar a possibilidade de distúrbios mendelianos, especialmente se é obesidade é muito grave e/ou parte de um fenótipo mais complexo.

Esta é a primeira vez que uma mutação homozigótica deletéria no CPE, que conduz a uma paragem completa da produção da enzima, foi reconhecida.

"Estas são doenças verdadeiramente genéticas, herdadas da família de uma forma dominante ou recessiva, em oposição às associações relativamente fracas de base populacional, como FTO, comum em polimorfismos", destacou Blakemore.

 

CPE e causas genéticas de obesidade

O gene codifica CPE, que está envolvida no processamento de uma série de hormônios e insulina, incluindo uma variedade de neuropeptídios, inclusive aqueles que regulam o apetite e o sistema reprodutivo.

Deficiência CPE é uma condição recessiva, portanto, precisaria herdar a sequência genética alterada de ambos os pais para ser afetado. No estudo, o Blakemore e colegas discutem o caso de uma jovem mulher que carrega duas cópias da mutação, e como tal, não pode produzir a enzima.

A frequência do gene defeituoso CPE é atualmente desconhecida, mas Blakemore está fazendo uma triagem entre 1.500 adultos obesos para determinar melhor essa frequência.

Referindo-se à questão mais ampla de causas genéticas da obesidade, o estudo assinalou que o número de formas genéticas da obesidade é desconhecido, porque normalmente as pessoas obesas não são testadas. Essas condições seriam raras na população geral, mas são muito mais comuns em pessoas que estão gravemente obesas.

Tendo como base os dados inéditos de seu grupo, observou-se que pelo menos 10% das pessoas com um índice de massa corporal superior a 50 kg/m2 eram susceptíveis de ter uma causa genética, mas esta só leva em conta genes conhecidos por serem ligados a obesidade grave. Há provavelmente muitos defeitos de genes relevantes ainda para se descobrir.

"Foram investigadas mais crianças obesas muito mais do que os adultos. Em um estudo, mutações em apenas um gene (MC4R) foram responsáveis ​​por um em cada 20 casos de obesidade grave em crianças", disse ela. "À medida que se torna mais barato o sequenciamento e mais prático para aplicações clínicas, nós estamos encontrando mais e mais causas genéticas de obesidade como esta."

Foi analisado o defeito no gene CPE em uma mulher jovem sudanesa e sua família, recrutados do ambulatório de obesidade adulta genética no Imperial College Healthcare NHS Trust, em Londres. A mulher tem uma combinação incomum de sintomas que compõem a obesidade, diabetes, problemas do sistema reprodutivo, e dificuldades de aprendizagem.

Descrevendo a situação da paciente, Blakemore destaca que a paciente é obesa desde a infância. Com 20 anos, pesada aproximadamente duas vezes o que seria considerado um peso saudável e esperado para a idade. Além disso, seus pais são primos de primeiro grau. "Inicialmente, pensava-se que o paciente tinha uma forma hereditária de obesidade chamada síndrome de Prader-Willi, mas os testes deram negativos para a condição."

Intrigado para saber a causa da obesidade da paciente e ajudá-la, o endocrinologista do paciente e co-autor do estudo, o Tony Goldstone, do Imperial College Healthcare NHS Trust, indicou a jovem para a colega Blakemore, para que fosse feita investigação de uma potencial causa genética para a sua condição.

Para saber mais, veja o estudo completo na revista PLoS One.

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