Os dados são alarmantes e não batem com as informações divulgadas pelo Vigitel 2014 no início do ano, quando o governo anunciava uma estabilização nos índices de sobrepeso e obesidade na casa dos 52,5%. No levantamento realizado pelo IBGE, o índice beira os 60%. Cerca de 82 milhões de pessoas apresentaram o IMC igual ou maior do que 25 (sobrepeso ou obesidade). Isso indica uma prevalência maior de excesso de peso no sexo feminino (58,2 %), que no sexo masculino (55,6%). O dados anunciados pelo IBGE traduzem a urgência de se pensar políticas públicas adequadas à prevenção e tratamento do sobrepeso e obesidade.
De acordo com o estudo, o excesso de peso aumenta com a idade, de modo mais rápido para os homens, que na faixa de 25 a 29 anos chega a 50,4%. Contudo, nas mulheres, a partir da faixa etária de 35 a 44 anos a prevalência do excesso de peso (63,6%) ultrapassa a dos homens (62,3%), chegando a mais de 70,0% na faixa de 55 a 64 anos. A partir dos 65 anos de idade, observa-se um declínio da prevalência do excesso de peso, tanto no sexo masculino quanto no feminino, sendo mais acentuada nos homens, que na faixa etária de 75 anos e mais corresponde a 45,4% contra 58,3% do sexo feminino.
Os dados mostraram ainda que a obesidade acomete um em cada cinco brasileiros de 18 anos ou mais em 2013 (20,8%), sendo que o percentual é mais alto entre as mulheres (24,4% contra 16,8% dos homens). Em dez anos, a obesidade entre mulheres de 20 anos ou mais passou de 14,0% em 2003, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), para 25,2% em 2013, de acordo com a PNS. Entre os homens, o crescimento foi menor, de 9,3% para 17,5%. O acúmulo de gordura abdominal também foi mais frequente no sexo feminino, atingindo 52,1% das mulheres e 21,8% dos homens. O oposto ocorre em relação à pressão arterial, cuja elevação foi mais comum entre os homens (25,3%) que entre as mulheres (19,5%), atingindo 22,3% da população no momento da entrevista.
Uma em cada quatro mulheres de 18 anos ou mais de idade (24,4%) era obesa em 2013, enquanto, entre os homens, o percentual era de 16,8%. Isso significa que essas pessoas tinham índice de massa corporal (IMC) maior ou igual a 30, obtido através da divisão do peso pelo quadrado da altura. A obesidade chegou a 32,2% nas mulheres com idade de 55 a 64 anos, contra 23,0% nos homens.
Já o déficit de peso em adultos com 18 ou mais anos foi de 2,5 % (2,1% para homens e 2,8% para mulheres), ficando abaixo do limite de 5,0% esperado em qualquer população para indivíduos constitucionalmente magros. A estratificação da população adulta por grupos de idade indica que a prevalência de déficit de peso só ultrapassa os 5,0% apenas para mulheres com idade entres 18 e 24 anos (6,8%), sendo que para os homens desta faixa etária a prevalência de déficit de peso (4,6 %) é a maior dos grupos de idade, porém não chega a 5,0%. Indicando com isso a não exposição à desnutrição da população adulta, como um todo.
Enquanto 52,1% das mulheres tinham uma circunferência da cintura maior ou igual a 88 cm, o que caracteriza obesidade abdominal, 21,8% dos homens media 102 cm ou mais nessa parte do corpo. O excesso de gordura abdominal está associado ao risco de doenças cardiometabólicas, como obesidade, diabetes e hipertensão arterial. Com relação à circunferência da cintura aumentada por grupos de idade, observa-se que conforme aumenta a idade ela tende a ficar mais elevada, tanto no sexo feminino quanto no masculino, ultrapassando 70,0% das mulheres acima de 55 anos de idade e a 35,0% no caso dos homens.
Entre 2003 e 2013, a obesidade entre mulheres de 20 anos ou mais de idade passou de 14,0% (de acordo com a POF 2002-2003) para 25,2% (segundo a PNS), um aumento de 11,2 pontos percentuais (p.p.). Entre os homens, houve um menor crescimento, de 9,3% para 17,5%, uma diferença de 8,2 p.p. Em relação ao excesso de peso, também houve um aumento contínuo tanto para os homens (de 42,4% para 57,3%) quanto para as mulheres (de 42,1% para 59,8%). Por outro lado, houve declínio contínuo do déficit de peso, tanto para homens (de 2,8% para 1,9%) quanto para mulheres (de 4,9% para 2,5%).