21 de agosto de 2022
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Afinal, qual é o peso corpóreo ideal?

Em nova proposta, a meta principal não é atingir um IMC normal, mas valorizar o quanto o indivíduo conseguiu reduzir e manter de peso

Nova proposta busca incentivar emagrecimento saudável FreePik

Essa é uma pergunta frequente nos consultórios médicos. Muitas vezes difícil de ser respondida porque até o momento utilizamos uma classificação chamada de IMC (índice de massa corpórea), que é calculado com o peso (kg) dividido pela altura (m) ao quadrado. Mediante esse cálculo, definimos o indivíduo como sendo de baixo peso, peso normal, acima do peso, obeso ou obeso mórbido.

Infelizmente, esse índice tem suas limitações: não se leva em consideração o peso por massa muscular (principalmente nos atletas) e por edema (aqueles pacientes com retenção de líquido) —elementos que acabam falseando o resultado para valores fora do real. Outro ponto importante é a história familiar, estrutural e física do indivíduo. Sabe-se que algumas famílias têm um porte ósseo maior, são pessoas mais robustas e dificilmente atingirão o IMC considerado normal. E ainda existem os indivíduos que já foram mais obesos e conseguiram reduzir ao longo dos anos o peso, sem, contudo, chegar ao IMC ideal.

Embasados no conceito do IMC, muitos passam a vida lutando para atingir esse peso considerado normal e com isso acabam utilizando dietas extremamente restritivas, medicamentos sem orientação médica ou outras práticas inadequadas. A falta de informações adequadas torna-os suscetíveis a tratamentos sem nenhum embasamento científico. Essas atitudes, além de pouco saudáveis, promovem o reganho de peso com maior facilidade e frustram muito o indivíduo, agora desestimulado.

Em contrapartida, muitas pessoas controlam o peso, têm perdas consideradas discretas, mas progressivas e sustentáveis, mantêm um estilo de vida saudável com boa alimentação, atividade física regular e exames sempre dentro dos normais, sem nunca conseguirem atingir esse IMC ideal. Pode parecer um resultado pouco satisfatório em relação ao peso, entretanto é muito vantajoso quanto à prevenção de doenças e à redução de riscos.

Levando esses aspectos em consideração, uma nova proposta de definir o peso ideal vem sendo indicada, tendo como base a trajetória do peso. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) com a Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO) propõe que, no tratamento do paciente obeso, a meta principal não é atingir um IMC normal, mas valorizar o quanto o indivíduo conseguiu reduzir e manter de peso durante a vida.

É bem estabelecido que perdas de peso, mesmo que modestas, trazem grandes vantagens para a saúde, bem como benefícios na redução dos riscos que advêm do excesso de peso (hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes). Independente do IMC final do tratamento.

A obesidade é uma doença crônica, causada por múltiplos fatores (ambientais, sociais, genéticos, fisiológicos), de difícil controle clínico e sem uma medicação ideal curativa. Ela depende muito do esforço e organização individual. É uma enfermidade que gera outras doenças que impactam na qualidade e expectativa de vida. Vários estudos enfatizam a perda de 5 a 10% de peso para reduzir riscos, mas poucos valorizam a manutenção do peso ao longo dos anos. Pacientes com diagnóstico recente de diabetes tipo 2, que conseguiram perder 10 a 15% do peso, tiveram um índice de remissão da doença de 57% e 86% respectivamente.

Nessa proposta, há uma valorização maior do quanto de peso uma pessoa perdeu em relação ao peso máximo que alcançou na vida (excluindo gravidez). Perdas em torno 5 a 10% para aqueles com IMC de 30-40kg/m2 indicam redução da obesidade, já perdas maiores que 10% apontam obesidade controlada e com redução importante dos riscos para saúde. Os valores mudam um pouco para os com IMC maior que 40kg/m2.

Essa proposta encoraja um emagrecimento sustentável, estimula o controle de peso mais gradativo e duradouro e valoriza o esforço de manter o peso perdido a longo prazo.

Acesse o link do portal do Jornal O Globo: https://oglobo.globo.com/blogs/receita-de-medico/post/2022/08/afinal-qual-e-o-peso-corporeo-ideal.ghtml

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